quinta-feira, 19 de abril de 2012

Filha, Mãe, Avó, Puta

Conhecida como a profissão mais antiga do mundo, a prostituta apesar de descriminada é aceita pela população por baixo dos panos assim como o comércio das drogas. Todo mundo sabe que é ilegal, mas todo mundo sabe onde vende e consome. Assim como as drogas, a prostituição e a industria pornô movimentam mais de 1 trilhão de dólares por ano.

Nesta peça, que é adaptada do livro com nome homônimo escrita pela Gabriela Leite, a criadora da marca Daspu, descreve a vida desta mulher que apesar de nascer na aristocracia, estudar em colégios importantes e ter todas as condições de seguir uma profissão mais nobre, resolveu ser puta. Não só exerceu a atividade de mulher dama por escolha própria como a defende com muito orgulho pra qualquer um que conversa. Numa adaptação muito boa, a peça se passa como se fosse uma entrevista onde o Louri Santos só direciona para onde a narração deve seguiu, é um coadjuvante. É quase um monólogo de Alexia Dechamps contando a vida de Gabriela.

Em muitos momentos me lembrei do livro da Bruna Surfistinha, O Doce Veneno do Escorpião, onde a ex-puta conta como seguiu o mesmo caminho de Gabriela, ironicamente vinda de colégios caros também. As experiências de ambas também chamam a atenção por serem similares. Sempre tem aquele cara nojento que elas não querem dar, mas são obrigadas. Tem as experiências com as cafetinas e a relação com as outras companheiras de labuta, os clientes que querem mais conversar do que transar, os fetiches e fantasias esquisitas do cara, cada uma no seu estilo.

Mas a diferença é que a Bruna Surfistinha é só uma puta que deu uma puta sorte do livro fazer sucesso. A Gabriela além de puta, estudou em um colégio com idéias marxistas e fez trabalhos sociais criando a ONG Da Vida e criou a marca de roupas Daspu. Ela tem uma visão política é empresária e sempre defende o direito humanos das prostitutas, que também são filhas de Deus.

Fiquei interessado em ler o livro. Vira puta quem quer. Tem um mercado grande de mulheres oferecendo este serviço é muita gente consumindo, tudo na clandestinidade e sem nenhuma segurança. Acho que o mundo será um lugar melhor quando o Brasil seguir países mais avançados como a Holanda onde existe leis e sindicatos regulamentando a profissão e onde qualquer um pode ter acesso ao serviço nobre sem preconceitos. Claro que não é pra incentivar a toda mulher procurar um serviço desses, mas se ela quer, que seja com segurança.

Peça: Filha, Mãe, Avó, Puta
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Sé – São Paulo
Elenco: Alexia Dechamps e Louri Santos
Terça a quinta, às 20h
Em cartaz até 19/04/2012

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