quarta-feira, 30 de maio de 2012

Tributo à Legião Urbana

Tem dias que a gente não esquece nunca por causa de um fato muito importante ter acontecido. Quem se lembra do que estava fazendo quando aconteceu o ataque terrorista ao World Trade Center? E quando o Silvio Santos foi seqüestrado? Acho que cada um tem uma história diferente e lembra exatamente o que aconteceu. E quando o Ayrton Senna morreu no 1º de maio de 1994? Todos temos uma história. Hoje, depois de assistir ao tributo à Legião Urbana da MTV me lembrei que um dia marcante na minha vida foi o dia da morte do Renato Russo.

Eu já era muito fã da banda, mas meu irmão venerava tudo o que vinha deles. Era uma verdadeira religião para ele e eu acho que acabei me tornando fã muito no embalo dele. Enfim, lá nos longínquos anos de 1996, não fazia porra nenhuma da vida além do esquema escola-cinema-clube-televisão. Eu estudava no período da manhã, tinha acabado de chegar em casa e estava prestes a começar meu almoço quando meu irmão liga do seu serviço me perguntando se eu já sabia da morte do Renato Russo. Fiquei surpreso, pois não estava sabendo de nada. Ele confirmou o ocorrido e me incumbiu de gravar tudo o que eu visse da Legião na televisão. Ele sabia que iria passar várias coisas sobre a banda, principalmente na MTV que dedicaria o dia inteiro a passar todo o material que tinham deles.

Corri para preparar os vídeo-cassetes. Tínhamos 2 na época, um na sala e um no quarto. Já comecei a gravar a MTV que estava passando todos os clipes e na sala eu ficava pesquisando nos outros canais os telejornais da tarde. Gravei tudo mesmo. Tinha uma entrevista que eles deram no Disk MTV com a Astrid, gravei uma participação deles no Programa Livre do SBT, pra quem não sabe era o antigo Altas Horas da Globo. Teve várias entrevistas que aconteceram na MTV, making ofs dos clipes, entrevistas com outros artistas. Teve dois shows transmitidos nas emissoras, sendo um deles na Bandeirantes que foi o último filmado e o acústico. Tinha coisa muito rara. Depois fiz uma puta edição nas fitas, tirando tudo o que era supérfluo como os comerciais e deixei uma fita de 6 horas só com a nata da nata. Esta fita ainda existe na casa do meu irmão. Acho que ainda tem muita coisa lá que não existe registro no youtube. Qualquer dia vou tentar passar o que tem lá pra mídia digital e disponibilizar na rede.

Nunca deixei de ouvir todos os discos da banda desde então, o Renato Russo nunca morreu pra mim já que eu o ouvia sempre no meu walkman na época e hoje nos MP3 da vida. Só não gosto do material solo dele, que nada tem a ver com a Legião. Até reconheço que umas duas músicas são boas, mas o resto é descartável. Meu irmão, claro, ama todas.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Na dieta – A luta entre os dois demônios

A tentação da comida, a vontade de comer mesmo sem fome, a gula, é o maior dos males de um gordo. Os magros pensam que temos fome. Na verdade, sofremos de ansiedade e descontamos na comida mesmo. Claro que com um corpo maior, a fome vai gerar mais fome e mais ansiedade por estar comendo mais e pior do que antes.

Nos desenhos animados, quando pensamos em fazer algo errado, sempre tem um diabinho de um lado incentivando acometer o delito e do outro lado do ombro tem um anjinho tentando persuadir a desistir da ação. No nosso caso existem 1 anjo e 2 diabos. O anjo só atua quando os dois diabos estão mortos. Explicarei.

Existem as pessoas de fora, colegas de serviço, da escola, amigos, conhecidos, qualquer pessoa que costumamos ter contato quando saímos de casa para uma atividade até voltar para seus lares. Este é o diabo numero um. No meu serviço todo dia tem gente que compra biscoitinhos, bombons e outras coisas e distribuem entre os colegas. Geralmente tem uma caixa cheinha de bombom que fica em cima da bancada, é só ir lá pegar. E eventualmente tem as festinhas de aniversário e reuniões gerenciais onde são comprados pães de queijo, esfihas, bolos e tudo o que for proibido para uma dieta equilibrada. Devemos combater este demônio e resistir com todas as forças as tentações. Claro que um bombom não é nada. Mas o gordo não aceita comer um, e sim uma caixa. Enquanto a caixa estiver cheia, o chocolate estará me chamando.

Digamos que vencemos esta batalha e o demônio 1 está controlado. Pegamos a condução e vamos para casa encontrar quem? O Demônio 2, a missão. Quando a noite se aproxima, parece que a fome aumenta mais do que durante o dia. Logo lutaremos com as tentações que nossos familiares apresentam. Quem não tem pais, irmãos, sobrinhos, namorada/o e outros co-habitantes que compram suas guloseimas e deixam brilhando em cima da mesa? Toda a cozinha perde a graça e aquele bolo fica gritando no seu ouvido para ser comido. Não consigo me concentrar em mais nada. Se estiver assistindo televisão, estudando, navegando pela internet, não importa, tudo o que estarei pensando é naquele maldito bolo de chocolate na cozinha. E a tentação durará até a hora de dormir. Se você for pra cama sem ceder, o segundo demônio estará vencido neste dia.

A batalha recomeça no dia seguinte. De acordo os demônios forem sendo controlados e vencidos diariamente, um anjinho bem tímido começará a surgir oferecendo substitutos naturais e mais nutritivos que farão sua saúde aumentar e a circunferência diminuir. Mas é uma luta de Davi contra dois Golias, com a diferença que os Golias ressussitam no dia seguinte para te atacar novamente.

A minha visão da dieta é mais divertida, estilo Senhor dos Anéis, mas verdadeira.

domingo, 27 de maio de 2012

Marcha das Vadias

Ontem aconteceu a Marcha das Vadias, movimento feminista originário do Canadá onde um policial idiota disse que uma mulher só foi estuprada só porque se vestia que nem uma puta. Os protestos começaram lá e todo ano agora tem passeatas e movimentos feministas pelo mundo com o mesmo ideal.

Na boa, mas brasileiro adora importar coisas de fora só pra fazer festa. Não tem nada de ideológico aqui. Nós achamos que tudo o que vem de fora é bom então devemos fazer a mesma coisa aqui pra nos sentirmos pertencentes ao mundo. A Marcha das Vadias é um exemplo. O que se tornou um protesto canadense contra o machismo dos policiais de lá, aqui virou festa pra um monte de mulheres ficarem seminuas na rua. Pra nós homens é ótimo, ter uma visão privilegiada. Mas é zero como movimento social. Acho que 99% das vadias daqui não estavam nem ai pro ideal e sim pra festa.

A mesma coisa acontece com outros movimentos. A Parada Gay de São Paulo, apesar de ser a maior do mundo é apenas mais um carnaval fora de época onde tem uma grande quantidade de gays junto com o resto do povo. Movimentos contra a violência contra gays? Só 1% está pensando nisto, os outros 99% querem putaria.

Quer mais coisa importada que perde todo o sentido aqui no Brasil? Que tal o Occupy Wall Street? Movimento norte-americano contra a desigualdade econômica e social do setor financeiro que fez grande estrago na última crise financeira mundial. Aqui no Brasil virou um monte de desocupados moradores de rua baderneiros montando barracas sujas e fétidas no Vale do Anhangabaú em São Paulo. Duraram algumas semanas e foram logo retiradas, pois não via sentido naquilo.

Festas estrangeiras abrasileiradas. O Halloween, evento tradicional que tem origem com o povo Celta e comemorado pelos norte-americanos e britânicos, aqui no Brasil virou uma festa à fantasia, geralmente comemorada por jovens da classe média pra cima. Ou seja, mais um motivo pra festa, pra beber e comemorar, só não se sabe o que.

Na verdade o brasileiro só precisa de um motivo pra beber, não importa qual. Vamos beber pra comemorar ou beber pra afogar as mágoas. Vamos ver o que o povo de lá vai inventar agora para o povo daqui importar e fazer uma festa abrasileirada.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Senhora no Jardim e Giacometti

No último sábado fiz dois programas culturais que no final se interligaram. Antes visitei novamente a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Está em cartaz a Alberto Giacometti com suas esculturas de homens gigantes e minúsculos. Sempre admirei artistas que fazem esculturas do nada, de rochas, de gesso, de bronze. É do tipo de escultura que ao sairmos da exposição temos vontade de comprar uma argila e tentar repetir o feito em casa. Giacometti fez homens finos e compridos, alguns com alturas de mais de 3 metros, pena que não se é permitido fotos pois gostaria de me fotografar ao lado das esculturas para que quem visse tivesse a noção da altura delas. Deve ser do tamanho de um avatar, do James Cameron. Lembrou-me aquele alienígena do filme “Planeta Vermelho”, aliás, acho que o filme se baseou no Giacometti mesmo pra bolar o alien. Outra referência que lembrei foram os moais, aquelas estátuas feitas por indígenas na Ilha de Páscoa.

Todos os paulistas sabem de como a Praça da Luz é. Aquela região é um oásis em uma região degradada. Existe a Pinacoteca, a Estação Pinacoteca no prédio do antigo Dops, o Museu da Língua portuguesa, a estação da Luz e só. Em torno disso existia a já famosa cracolândia que aparentemente foi desmantelada, não sei confirmar este fato, pois não saí dali e fui ver a peça Senhora do Jardim que para a minha surpresa fala de uma prostituta velha que faz ponto à noite na Praça da Luz e de um ex-presidiário que por lá ronda, coincidência pura.

Deve ser um exemplo de muitas histórias tristes que acontecem com os miseráveis por ai. É aquela mesma história de sempre, a mulher se vê sem condições financeiras e decide vender seu corpo. Mas algumas, devido ao uso de drogas e outros fatores se degradam muito e vivem na mais absoluta nojeira, fazendo programa de R20,00 com homens horríveis. Ao contrário da vida glamorosa da Bruna Surfistinha, essas comem o pão que o diabo amassou e não são mulheres de vida fácil. A personagem até se irrita quando a chamam disto. Ela cuida da neta e faz ponto na praça aceitando qualquer coisa por R$20,00. Ela já está com 60 anos e passa necessidade, sonha com uma aposentadoria e condições mínimas de sobrevivência. Já o cara que aparece na praça é um ex-condenado daqueles que não merecem confiança pois já matou por um motivo fútil. Ele representa outra modalidade de crime que sempre existiu mas que ultimamente tem se tornado muito comum, o crime passional de um cara que é rejeitado pela namorada e decide matá-la, Lindemberg que o diga. É um universo que sabemos existir mas não vemos vivemos ou nos identificamos. Somente com uma lente de aumento nas pessoas vemos que são seres humanos que descambaram para o lado do crime entretanto tem sentimentos como qualquer outro. Foi as condições de vida que o fizeram ter aquele caminho, nada justificável mas compreensível.

Peça: Senhora no Jardim
Gênero: Comedia Dramática
Texto: Maciel Oliveira
Atores: Maciel Oliveira e Natália Amaral
Direção: Fábio Rodrigues
Endereço: Teatro Augusta, Rua Augusta, 943, São Paulo - SP
Em cartaz até o dia 10/06/2012
Dias: Sextas 21h30, Sábados 21h00 e Domingos 19h00
Ingressos: Sextas R$ 40,00, Sábados R$ 50,00 e Domingos R$ 40,00

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Corínthians na Libertadores!

Não pude deixar de escrever sobre o Corinthians na Libertadores! Haja coração, como diria Galvão Bueno. Este time que está disputando o torneio continental não poderia ser mais Corinthians. Ele leva a sério o rótulo do time do povo, o time sofredor, o time raçudo.

Convenhamos que o elenco não é dos melhores. Individualmente não temos um grande jogador que se destaque do grupo. Talvez o Ralf seja o ponto alto, apesar de que não fez grande partida na seleção brasileira quando convocado. A grande força é a doação de cada jogador em prol do time como um todo. O individual é fraco, o grupo é forte e coeso.

O time tem defesa fortíssima. A trinca Chicão, Castan e Ralf fazem do Corinthians uma das melhores defesas do país. O goleiro é uma incógnita. Júlio César foi atacado severamente por causa de suas falhas, mas apesar de tudo é muito esforçado e faz bastante defesas, pena que falha quando não se pode falhar e isto na Libertadores é fatal. Já o novo goleiro Cássio demonstra mais segurança na saída do gol, apesar de cometer lances muito bizarros às vezes, só que diferente do seu reserva, suas falhas não resultam em gols do adversário. Tem sorte.

O maior problema é o ataque. Não temos. O grande jogador do setor fica por conta do Emerson, velocista que leva a bola até o gol, mas não sabe chutar. Deveria passar para o centroavante, que não temos. Liedson, grade jogador que está em péssima fase não está fazendo gols como antigamente. Seus substitutos são ainda piores. Helton, em minha opinião, pode voltar pro Vasco que é o lugar dele. William é um bom jogador, mas ele desempenha função parecida com o Emerson, então disputa posição com ele e não o Liédson. Jorge Henrique também é um bom jogador, mas não é goleador.

Então os jogos são sempre assim, Não somos vazados, mas também não fazemos gols. Tende ao zero a zero e o risco dos pênaltis. No jogo contra o Vasco foi um sofrimento só, que eu já estava esperando por conhecer a alma e a índole do Corinthians. Nasci para sofrer com meu time, mesmo nas vitórias, já me resignei.

Tite também está a cara do Corinthians. Ao ser expulso, foi pras arquibancadas dar instruções aos jogadores do alambrado junto com os torcedores. Quer coisa mais linda que isto. Fiquei imaginando a hora do gol e ele comemorando com os corintianos, coisa que aconteceu logo após isto.

Agora, apesar dos pesares, este time se igualou ao melhor Corinthians que eu já vi jogar, aquela seleção alvinegra de 1999 que chegou à semifinal da Libertadores. Estou confiante mesmo com grandes times pela frente. Este ano é nosso. Vai Corinthians!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Dança da Morte, o início

Depois de muito ouvir elogios referentes aos livros de Stephen King, resolvi escolher um aleatório na biblioteca do serviço. Escolhemos via sistema interno e depois vem no malote. Tinha muitas opções e eu não queria pegar nenhum dos quais eu já havia visto o filme. Então escolhi A Dança da Morte, no chute mesmo, sem qualquer embasamento. Quando o livro chegou, me assustei com o tamanho. Ele tem quase mil páginas, 940 pra ser mais exato, e com letras bem minúsculas. Minha primeira reação foi devolver e escolher outro, não estava preparado pra começar uma leitura tão longa. Antes resolvi ler a sinopse na capa e na orelha e adorei a idéia.

Um novo vírus aparecerá matando quase toda a população do mundo e sobreviverá apenas 1% das pessoas. Neste planeta, os sobreviventes terão que conviver entre si, restabelecer a sociedade e criar novas leis. Tudo isto foi o que eu li na sinopse e já imaginei grandes filmes pós-apocalipticos que eu amo como Mad Max, O Mensageiro, Waterworld e a maioria dos filmes de zumbi como Resident Evil, Eu sou a lenda e outros tão ou mais interessantes. Recentemente li um livro desse chamado Sangue Quente, onde a sociedade se agrupa em estádios de futebol onde constroem pequenas cidades-cortiços. Enfim, a sinopse me fez mudar de idéia e encarar as mil páginas.

Estou na página 166 e quase nada da sinopse aconteceu. Claro, só li 15% da obra, mas além do Stephen King ser muito detalhista, ele apresenta a história pessoal de todos os personagens da cidade, seja futuros sobreviventes ou não. Mas só o início já deu pra dar certo medo de vírus e doenças. Lembrei-me das grandes ameaças que sofremos nos últimos anos, do terrível Ebola que era a praga mais mortífera da década de 80, depois teve a vaca louca, a gripe aviária, gripe suína e etc. Na história começa-se por apenas um espirro e uma tosse, depois se aumenta para uma gripe até que atinge um grau muito alto para se ignorar até que a pessoa morre. Os casos vão se somando, aumentando em progressão geométrica e a fácil contaminação via aérea me lembrou também do filmão Epidemia, com Dustin Hoffman. Chega uma hora que é impossível conter o seu alastramento.

Hoje no serviço, vendo um colega tossir bastante devido ao frio, me fez lembrar das histórias do livro e temer por um avanço de algum vírus maléfico. A mente prega peças na gente. Durante a gripe aviária, o temor das pessoas se tornou tão grande em ser contaminado pela perigosa gripe que todos os locais públicos tinham álcool em gel e muitos usavam aquela máscara no nariz e boca para proteção. Uma histeria coletiva estúpida. Gripe comum mata bem mais do que esta vinda dos frangos. A única coisa que foi boa é melhorar a higiene da população. Na época vi noticiários ensinando os telespectadores a se prevenir da terrível doença lavando as mãos com cuidado antes das refeições e depois de chegar da rua. Óbvio não é? Coisa que todo mundo deveria estar fazendo sempre, tendo gripe ou não. É a mais higiene básica.

Tomara que eu consiga concluir esta obra tão extensa sem desistir no meio.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Máfia dos Psicólogos

Sonhei que eu estava indo em um consultório psiquiátrico, uma rotina que fazia uma vez por mês desde que nasci. Subi para o andar do consultório pelo elevador, passei pela sala de espera e já entrei no consultório onde tinha uma psicóloga conversando com uma mulher. Cheguei como se já fosse de casa, mexi na mesa dela procurando alguma coisa. Fiz uma pergunta absurda pra ela que infelizmente não consigo me lembrar agora. Depois de ver o ar de incredulidade da doutora e da paciente, disse que iria aguardar a minha vez e voltei para a sala da espera onde a recepcionista estava já gritando meu nome para pegar o cartão do convênio médico.

Fui puxando o cartão da minha carteira e peguei por engano meu cartão do banco, coisa que sempre acontece comigo na vida real quando quero pegar meu cartão do vale-refeição. Peguei de volta e entreguei corretamente o cartão do convênio. O cartão era todo preto com detalhes em cinza e a recepcionista ficou toda surpresa, me elogiando, como se aquilo significasse que eu era uma espécie de cliente vip.

Enquanto eu estava esperando o atendimento, fiquei me perguntando por que estava ali. Não entendia o motivo pelo qual ia pra lá desde que nasci. Quando se é criança, nossos pais nos levam para médicos de diferentes especialidades e nós aceitamos como uma coisa que deve ser feita, coisas da vida. Aparentemente eu continuei o mesmo comportamento quando cresci e esqueci do motivo inicial. Na verdade quando eu ia a este psicólogo, eu simplesmente pagava a consulta como se fosse uma conta de banco normal, era atendido mas não fazia nada. Era protocolo.

Resolvi abandonar aquele círculo vicioso e não ir mais. Então descobri que era uma espécie de máfia dos psicólogos que estorquiam dinheiro de pessoas. Fiquei sabendo que naquele prédio tinham vários consultórios que pertenciam a uma grande corporação que forneciam os profissionais para várias empresas. Essas empresas eram obrigadas a contratá-los pois existia uma lei que obrigava que eles fornecessem terapias. Eu vi esses mesmos médicos que eu tinha passado nos últimos anos indo ao time do Corinthians para aconselhá-los antes das partidas e simplesmente não faziam nada, só perguntas aleatórias e inúteis para justificar seus salários. Parecia uma grande conspiração, uma máfia. Acordei.

domingo, 20 de maio de 2012

Metrô Paulistano

O assunto do momento é o atual estado do transporte metroviário em São Paulo, do aumento de usuários e da piora na qualidade do serviço. Isso todo mundo já sabe com as estatísticas de defeitos na via e da quantidade absurda de pessoas por metro quadrado, uma das maiores do mundo. E na mesma semana que ocorre um quase desastre na via, com diversas pessoas feridas, seus funcionários realizarão um dia de greve na quarta feira próxima. Decisão tomada antes do acidente, mas que parece ter sido depois porque a coincidência é enorme do senso de oportunidade. Todos os olhos estão voltados para o metrô agora e o governador vai ter que tirar a bunda da cadeira e mostrar algum resultado, já que está sendo pressionado pela imprensa e pela opinião pública.

O problema que ocorreu nesta semana foi a falha de uma placa que existe entre as estações que informa dois comandos: 0, se for para reduzir e 100, se for para acelerar. Ao invés de reduzir o trem acelerou sendo que havia outra composição lá na frente. Quando ouvi a notícia de que o trem havia acelerado sem motivo, pensei logo que era uma falha humana, mas depois de ler mais informações percebi que o maquinista foi o responsável por ativar o freio de emergência e evitar um acidente ainda maior. Passou de culpado para herói em poucos minutos. Deu até medo dos trens da linha amarela que são controlados eletronicamente sem nenhum condutor.

Erros acontecem. Defeitos também são parte da vida. Mas o mais estranho da história toda é do fato de os controladores terem recebido a comunicação da falha da placa danificada 25 minutos antes do acidente e não ter feito nada. Fiscalização e verificação houve, faltou a tomada de decisão de substituir a tal placa na hora. Ele sabia do problema e aparentemente ignorou. A única coisa que fez foi informar os maquinistas que tinha problemas entre as estações Carrão e Tatuapé. Pra mim, esta decisão é a mesma coisa do que colocar uma placa de trânsito na rua informando que existe um buraco na via logo à frente. Ao invés de colocar a placa, porque não tapa o buraco? Ao invés de avisar que existe o problema, porque não resolveu o problema?

Um acidente parecido com a mesma causa, circuito defeituoso, já aconteceu antes em Washington em 2009. Na época o maquinista também acionou os freios, mas como a composição estava em alta velocidade na hora não conseguiu parar a tempo e se chocou com o trem a frente. Então 70 pessoas se feriram e teve 9 mortes. Corremos este perigo aqui em São Paulo, graças a Deus o trem estava em baixa velocidade. Desde então os metroviários norte-americanos trocam as placas duas vezes ao dia e ainda informam pelo site todas as trocas ocorridas, para a fiscalização da população. Não espero nada menos do que isto aqui em São Paulo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Serpente

A Serpente é a última peça escrita por Nelson Rodrigues e, como é comum em seus textos, trata do desejo pelo proibido e da falta de desejo pelo permitido. Nada é mais excitante do que o proibido. Li um livro sobre emagrecimento que o dr. Gikovate dizia que o gordo tem compulsão pelas coisas doces e engordantes porque ele sabe que é não pode comer aquilo, então o cérebro exerce uma vontade incontrolável por aquilo. Em quase tudo na vida, se te disserem que não pode fazer algo, você vai pelo menos pensar muito a respeito. É só olhar os mais jovens que tem impulsos por coisas que os pais dizem que não pode fazer como sexo antes do casamento, beber álcool, tomar drogas, sair com maus elementos e é exatamente isto que eles farão, para desespero dos seus progenitores.

Na história, Lígia é casada com Décio há mais de um ano e continua virgem e ainda por cima sofre violência do marido. A irmã até sabe que ela é espancada eventualmente e fica na dela como à sociedade manda, mas não sabia da falta de sexo. Lígia, num momento desespero por causa de sua situação quer tentar o suicídio por causa da sua situação. Guida, sua irmã, tem um casamento maravilhoso e transa com o marido todo dia. Como moram na mesma casa, Lígia ouve os gemidos pelas paredes e se martiriza por não ter um casamento como a irmã. Olha só o que a Guida propõe: para que ela experimente um pouco dos prazeres da vida e desista do suicídio, oferece seu marido por uma noite para descabaçá-la. É claro que nada de bom sairia deste fato né. A partir desta noite de luxúrias nada será como antes.

Nasce então a paranóia feminina da competição com a outra rival. As duas, apaixonadas pelo mesmo homem se odiarão, irão querer uma a morte da outra para ficar com o cara que, trouxa, caiu na armadilha. Mas pense bem, sua mulher diz que ele pode comer a cunhada numa boa e ainda por cima diz que é caso de vida ou morte, senão Lígia se mataria. Ele faz a boa ação, claro que felizão também porque a irmã é muito linda, mas a mulher atual irá mudar de idéia depois e culpará o marido pelo fato. A culpa é de Guida que ofereceu o que não podia. Não importa o que seja, nunca empreste coisas que você dá muito valor, pois provavelmente voltará avariado. Empreste um carro e ao voltar arranhado, veja o que acontece com a amizade. É por isso que eu evito também pegar emprestadas certas coisas que eu, na posição do outro, não emprestaria nunca.

Um dos artifícios que os atores usa é a simulação de uma câmera lenta, importada dos filmes do cinema. É ai que vemos o quanto uma cena em slow-motion é sensual. Não importa se está se passando uma briga violenta onde é mostrada a dor ou se a cena se passa durante carícias apaixonadas, toda a ação, com uma música de fundo, se torna extremamente sensual e muito bonita. E então percebemos que cada momento importa, frações de segundo na nossa vida diária têm uma importância mesmo que a gente não preste atenção e passe batido. Como uma lupa de aumento em uma situação específica, podemos ver detalhes que antes poderiam nos escapar. Ponto positivo pra iniciativa.

Peça: A Serpente
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Eloísa Vitz
Elenco: Eloísa Vitz, Daniela Rocha Rosa, Elam Lima, Diogo Pasquim e Laura Vidotto
Teatro Ruth Escobar
Endereço: Rua dos Ingleses, 209
Quintas: 21h30
Em cartaz até 28/062012
Ingresso: R$40,00

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A realidade da ficção científica

Tem gente, principalmente mulheres, que não gostam de ficção científica. Um gênero que utiliza da imaginação humana de como o mundo deveria ser e inventa artifícios que gostaria que existisse: máquinas do tempo, carros voadores, viagens espaciais, tudo o que for fantástico e que não existe nos dias de hoje. Eu amo o gênero desde criança quando assistia “De volta para o Futuro” e de quando pegava os livros de ciência e via o mapa dos planetas do sistema solar e assistia Guerra nas Estrelas na televisão. Sempre sonhei com o futuro onde tudo isso viria a ser realidade.

Mas com o decorrer do tempo, o mundo de imaginação ficou apenas no entretenimento e a realidade cruel através do conhecimento, foi nos mostrando que muita coisa não é permitida pela física, nem se quiséssemos.

O filme “O Homem sem Sombra” conta a história do cientista que texto em si mesmo o procedimento de invisibilidade. Claro que como um bom thriller, o médico invisível tenta matar todo mundo. O que não vemos é mais medonho do que o que vemos. Fascinante, tudo seria maravilhoso se... funcionasse. De acordo com uma matéria em que li, um homem invisível seria necessariamente cego. O olho funciona como se fosse um reflexo do que o que estamos vendo. Primeiro a luz entra pela pupila, bate na parte de trás e volta para o mesmo olho que processa a imagem. Se o corpo é invisível, ele não reflete a luz e não produz a visão. Segundo que ele seria parcialmente invisível, pois o pó que nos cerca grudaria nele, no suor de seu corpo, já que está nu. Ele continuaria invisível, mas a gente veria aquela coisa coberta por um minúsculo pó se movendo.

Na HQ “O que aconteceu com o Homem mais rápido do mundi?” conta a história de um cara que podia parar o tempo e enquanto todos estivessem parados, ele podia fazer o que quisesse antes de descongelá-los. Excelente. Pena que não seria possível. O ar que respiramos é matéria, diferente do vácuo que existe fora da Terra. Quando movemos, deslocamos o ar para os lados. Não quer dizer que nada existe e sim que coexistimos com este ar. Se o cara congela tudo iria congelar o ar também. Logo ele não conseguiria se mover. Só se, por um artifício de narrativa, for explicado que ele paraliza apenas pessoas e todo o resto do Universo continua correndo. Mas ai já uma exceção à regra, portanto ficcional.

A viagem no tempo e espaço é algo mais real do que parece, apesar de estarmos longe da realidade ainda. Em um trecho da teoria da relatividade, Einstein diz que é possível sim. Mas o maior problema da volta no tempo e modificá-lo e destruir o futuro.

Uma das melhores histórias sobre isto é o conto “Um som de trovão” de Ray Bradbury, que gerou um filme horroroso, que conta a história de exploradores que voltam no tempo pré-histórico para matar um dinossauro que já iria morrer mesmo, somente pelo prazer de matá-lo. Só que em uma das viagens um explorador pisa em uma borboleta. Ele acha que não aconteceria nada. Mas quando volta, toda a realidade do tempo presente se modifica totalmente. O Simpsons até parodiou isto em um de seus episódios.

A viagem no tempo já foi explorada em diversos filmes e livros. Na série de livros “Operação Cavalo de Tróia” os exploradores utilizam de toda tecnologia para não interferir com os acontecimentos. Mas isto, na minha opinião, é impossível, assim como escreveu Bradbury. Qualquer coisa que faça, por menor que seja, já interfere no futuro do mundo.

Nas horas de diversão, somos obrigados a esquecer estes conhecimentos científicos e se ater na história.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Luis Fabiano morre!

Calma são paulinos de plantão. O título deste post não é verdade, pelo menos não era até eu escrever. Foi um sonho que eu tive. Vou relatar o que aconteceu:

Eu tinha acordado e ouvi a notícia que tinha morrido um jogador ou ex-jogador do São Paulo. Na minha cabeça era um ex-jogador, pois eu achava ter visto uma foto no jornal de um senhor bem velhinho. Pensei se tratar de um daqueles jogadores veteranos e que fizeram história no time. Comentei com um amigo meu e ele me perguntou quem era. Disse que não me lembrava do nome. Ele perguntou: “Foi o Dino Sani”? Respondi que não tinha certeza.

Na vida real, sei que o Dino Sani foi um jogador da década de 50/60, mas não sabia em que times haviam jogado. Acordei e fui olhar no Google se ele foi mesmo jogador do São Paulo. E foi! Mas não era daqueles que fazem carreira em um só time. Ele também jogou no Corinthians e em vários outros.

Voltando ao sonho, outro amigo me perguntou se foi o Vitor Nunes.(??) Falei que achava que não era pois tinha visto a foto de um cara bem velhinho. Voltando à vida real, não conheço nenhum jogador com este nome. Ao acordar também procurei no Google e não achei nada. Mas no meu sonho se tratava de um jogador novo desses que compõe elenco, tipo um meio campo ou volante.

De volta ao sonho e fui olhar no UOL e procurar esta notícia que eu havia visto e li a manchete que foi um baque: “Luis Fabiano morre!” Quase cai pra trás. Chamei todos para verem e lemos que ele tinha sofrido um acidente de carro e falecido no local. No meu sono, o São Paulo ainda devia Quarenta milhões de reais para o time que ele contratou, mas que por causa de uma nova lei da FIFA, se o jogador morresse, a dívida estava automaticamente perdoada e o time não precisaria pagar nada. Ao ler aquilo fiquei revoltado. O São Paulo, apesar de perder um grande craque, iria lucrar muito com sua morte. Na matéria jornalística, dizia-se que esta lei tinha entrado em vigor no ano passado e que um time europeu, que não me lembro agora, já tinha usufruído do benefício; O São Paulo era o segundo a usar o expediente.

Quase como no filme Inception, eu acordei ainda dentro do sono, entrando no segundo estágio. Levantei em casa e estava dormindo em um outro quarto da minha casa, diferente do meu. Eu estava todo amassado e com aquela moleza que todos temos ao acordar e percebi que entrava na minha casa, sendo recebido por meu pai, um tio meu que veio me visitar. Não queria trombar com ele naquele estado deplorável, então voltei e esperei ele passar, atravessando o quanto onde eu estava e ir direto pra cozinha, onde meu pai e ele costumavam conversar tomando uma xícara de café. Mas ao invés de passar pela porta, ele entrou no quarto para pegar uma sacolinha plástica que ficava pendurada na parede de dentro. Claro que ele me viu, me cumprimentou e até comentou que eu estava com cara de quem tinha acordado naquela hora.

Quando já tinha aceitado que ele já tinha me visto daquele jeito, resolvi ir pro banheiro me arrumar. Antes de chegar lá meu tio comentou comigo e com meu pai que ele tinha lido uma matéria na revista da Folha que iria ter uma nova regra no futebol. Todos os jogadores iriam ter que usar terno durante os jogos, imitando aqueles velhos uniformes do século passado. Muito bizarro. E eu, no sonho, confirmei a notícia dizendo que também tinha lido em uma outra fonte.

Sonho besta. Deve ser inveja por o Luis Fabiano estar jogando muito no São Paulo e o Corinthians não ter um centroavante tão bom assim.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pessoas Absurdas

A peça é basicamente a união de 3 natais seguidos comemorados na década de 80. No primeiro o casal mais pobrinho e humilde convida outros 2 casais para uma confraternização em sua casa na noite do natal. São aquele tipo de colegas e trabalho que fingem muita amizade por interesses financeiros e comerciais mas que na vida pessoal prefere nunca ter contato com eles. Amigos para a sociedade, mas não em seus corações. Nesta reunião, o anfitrião recebe dois casais mais ricos, sendo um deles poderoso, e que ele quer uma oportunidade de crescimento comercial. Na mesma noite tem um outro casal realmente amigo deles que conta piadas na festa mas que são rejeitados por não serem ricos, não tem tanta importância. Com o decorrer da história, nos outros anos são mostrados o enriquecimento do primeiro e o empobrecimento dos demais. A mudança do status social influi no modo em que cada um se comporta, o tratamento que tem em relação aos outros, evidenciando o preconceito existente na sociedade.

A mudança financeira e social das pessoas são importantes na vida das pessoas não apenas por causa da necessidade do dinheiro para pagar suas compras e despesas, mas também para o indentificar na escala social em que pertence, em sua casta. É como o pobre que quando pobre diz que se ficar rico iria ajudar muita gente, doar dinheiro, praticar o bem e quando ganha na loteria resolve assumir a posição do rico tem tudo, até naquela personalidade arrogante e dura que tanto combatia antigamente. Do mesmo jeito que a população reclama que os políticos são todos ladrões mas vive fazendo gato na eletricidade e comprando produtos piratas, evidenciando um comportamento humano da sociedade, o fato de ter dinheiro transmite ás pessoas uma sensação de poder sobre as outras o transformando em esnobe. É a hipocrisia social, todo mundo critica mas é só ter a oportunidade de trocar de lugar que automaticamente ele começa a se comportar com seu criticado.

Enquanto o mais pobre se esforça em ser simpático com o rico, oferecendo as coisas que lhe são mais caras para não se sentir humilhado, o mais rico olha pra aquilo como se fosse desprezível, um bando de gente sem classe. Mas no fundo são todos humanos com problemas similares em sua essência. Mas também mostra que a queda do status social provoca o declínio das relações amorosas finalizando os casamentos. A peça evidencializa isto mostrando que o casal que fica rico é mais unido e os dois que ficam pobres vivem crises conjugais sérias. A perda do status deve diminuir o desejo de um pelo outro, o poder seduz, a pobreza não.

É muito triste vivermos em um mundo assim. Vivemos com máscaras aparentando uma felicidade que não existe ou não é daquela forma que a sociedade espera que seja.

Peça: Pessoas Absurdas
Gênero: Comédia
Direção: Otavio Martins
Atores: Marcello Airoldi, Ester Laccava, Eduardo Semerjian, Fernanda Couto, Kiko Vianello e Fabiana Gugli.
Teatro Jaraguá
R: Martins Fontes, 71 – Centro – São Paulo
Duração: 80 minutos
http://www.pessoasabsurdas.com.br/
Sexta às 21h30; sábado, às 21h; e domingo às 19h
Em cartaz até 27/05/2012