sexta-feira, 25 de maio de 2012

Senhora no Jardim e Giacometti

No último sábado fiz dois programas culturais que no final se interligaram. Antes visitei novamente a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Está em cartaz a Alberto Giacometti com suas esculturas de homens gigantes e minúsculos. Sempre admirei artistas que fazem esculturas do nada, de rochas, de gesso, de bronze. É do tipo de escultura que ao sairmos da exposição temos vontade de comprar uma argila e tentar repetir o feito em casa. Giacometti fez homens finos e compridos, alguns com alturas de mais de 3 metros, pena que não se é permitido fotos pois gostaria de me fotografar ao lado das esculturas para que quem visse tivesse a noção da altura delas. Deve ser do tamanho de um avatar, do James Cameron. Lembrou-me aquele alienígena do filme “Planeta Vermelho”, aliás, acho que o filme se baseou no Giacometti mesmo pra bolar o alien. Outra referência que lembrei foram os moais, aquelas estátuas feitas por indígenas na Ilha de Páscoa.

Todos os paulistas sabem de como a Praça da Luz é. Aquela região é um oásis em uma região degradada. Existe a Pinacoteca, a Estação Pinacoteca no prédio do antigo Dops, o Museu da Língua portuguesa, a estação da Luz e só. Em torno disso existia a já famosa cracolândia que aparentemente foi desmantelada, não sei confirmar este fato, pois não saí dali e fui ver a peça Senhora do Jardim que para a minha surpresa fala de uma prostituta velha que faz ponto à noite na Praça da Luz e de um ex-presidiário que por lá ronda, coincidência pura.

Deve ser um exemplo de muitas histórias tristes que acontecem com os miseráveis por ai. É aquela mesma história de sempre, a mulher se vê sem condições financeiras e decide vender seu corpo. Mas algumas, devido ao uso de drogas e outros fatores se degradam muito e vivem na mais absoluta nojeira, fazendo programa de R20,00 com homens horríveis. Ao contrário da vida glamorosa da Bruna Surfistinha, essas comem o pão que o diabo amassou e não são mulheres de vida fácil. A personagem até se irrita quando a chamam disto. Ela cuida da neta e faz ponto na praça aceitando qualquer coisa por R$20,00. Ela já está com 60 anos e passa necessidade, sonha com uma aposentadoria e condições mínimas de sobrevivência. Já o cara que aparece na praça é um ex-condenado daqueles que não merecem confiança pois já matou por um motivo fútil. Ele representa outra modalidade de crime que sempre existiu mas que ultimamente tem se tornado muito comum, o crime passional de um cara que é rejeitado pela namorada e decide matá-la, Lindemberg que o diga. É um universo que sabemos existir mas não vemos vivemos ou nos identificamos. Somente com uma lente de aumento nas pessoas vemos que são seres humanos que descambaram para o lado do crime entretanto tem sentimentos como qualquer outro. Foi as condições de vida que o fizeram ter aquele caminho, nada justificável mas compreensível.

Peça: Senhora no Jardim
Gênero: Comedia Dramática
Texto: Maciel Oliveira
Atores: Maciel Oliveira e Natália Amaral
Direção: Fábio Rodrigues
Endereço: Teatro Augusta, Rua Augusta, 943, São Paulo - SP
Em cartaz até o dia 10/06/2012
Dias: Sextas 21h30, Sábados 21h00 e Domingos 19h00
Ingressos: Sextas R$ 40,00, Sábados R$ 50,00 e Domingos R$ 40,00

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