sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Apócrifas - Histórias revisitadas

A idéia da peça é recontar algumas de várias histórias famosas de Shakespeare, da mitologia grega dentre outras de um modo diferente e com um novo ponto de vista, mais atual. Eles separaram sete histórias conhecidas e deram uma nova versão com pitadas de humor e questionamento.

Na parte 4 “Uma Noite de Natal” é mostrado uma visão muito interessante sobre um casal que vivia nos tempos bíblicos e um casal co uma mulher grávida chega querendo dar a luz no estábulo deles. Claramente é o menino Jesus. Mas os questionamentos que eles fazem são muito engraçados: O que essa mulher quer aqui enchendo o saco em plena madrugada? E se forem ladrões? Vão sujar tudo, etc.

Na parte 7 eles falam sobre “O Castigo de Prometheu”. Quem conhece um pouquinho de história sabe que Prometheu trouxe o fogo dos deuses e entregou aos humanos mortais e por isso foi condenado. Na peça eles envolvem os expectadores no julgamento designando-os como jurados em um provável julgamento dos humanos para com o Prometheu acusando-o de ter trazido uma coisa nefasta à Terra, que queima, mata e destrói as coisas. Os diálogos têm claramente uma alusão à nossa própria justiça falha. Os deuses condenarem Prometheu na mitologia até faz sentido porque ele roubou um segredo dos deuses. Agora a humanidade, beneficiada com tal bem precioso não faz o menor sentido. Chega a ser parecido com o livro “O Processo” de Kafka onde eles usam dos argumentos mais absurdos para condenar o cara.

Tem várias outras histórias legais. Comentam sobre a guerra de Tróia, coisa que eu também achava, de que Helena era uma sirigaita de quinta categoria que fez duas cidades começar uma guerra de 10 anos. Comentam sobre Sodoma e Gomorra e a dificuldade que eles tiveram em achar alguém justo na Terra e da relação com os dias de hoje.

Ela é representada no espaço experimental do teatro Augusta, que seria o porão do lugar. É um espaço diferenciado e estranho. Já fui várias vezes nesses lugares mais próximos ao palco e mesmo assim não consigo acostumar e achar normal. Sempre é uma experiência surreal. Sinto-me um pouco claustrofóbico e desconfortável, mas apesar de tudo dá pra acompanhar o andamento da peça. Até os atores brincam no meio da apresentação de que com a sua peça eles vão galgar melhores posições na vida como a sala principal do teatro e não esta do porão, rindo de si mesmo. Não sei qual é o objetivo deste espaço. Será que é um artifício para ganhar mais dinheiro com um lugar que não tinha função antes? Ou a idéia é puramente artística para dar uma visão mais próxima e intimista para o expectador? Ou um mix de tudo isto, não sei.

Achei também que há um excesso de interferência dos atores para com o público. Este espaço experimental sugere isto, o público quase dentro do palco. Mas como expectador, estou lá para assistir, não para interagir. Apesar de em nenhum momento os atores constranger alguém, como já vi acontecer em outras peças, achei um pouco demais.

É uma rápida temporada, praticamente apenas um mês em cartaz. Tem que correr pra conferir.

Peça:APÓCRIFAS: Historias Revisitadas
Em cartaz até 01 de novembro de 2012
Texto e Direção: Jolanda Gentilezza
Elenco: Ligia Hsu, Dani Dams, Laís Blanco, Jolanda Gentilezza, Guilherme Penalva e Fernando Silva Jr.
Participação especial dos músicos : Vitor Colares, Rodrigo Colares e Victor Bluhm.
Ingressos: R$ 30,00 (Inteira) R$ 15,00 (Meia-Entrada)
Horários: Quartas e Quintas ás 21h.
Sala Experimental: 50 Lugares.
Gênero: Comédia.
Duração: 75 Minutos.

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