terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Metas de final de ano. 2014 - Esportes

Chega dezembro e costumamos fazer uma análise de nosso desempenho do ano e uma projeção do ano seguinte em busca de atingir nossos desejos. Sei que qualquer dia é dia de mudança, não precisa esperar até uma data pra ai sim correr atrás do que queremos. Mas algumas datas dão uma motivação e impulsionam em busca de nossos objetivos. É como se zerasse uma etapa e desse a oportunidade de começarmos de novo.

É por isso que sempre começamos um regime na segunda-feira ou novos projetos no primeiro dia de janeiro. Eu também costumo fazer uma reflexão sobre a vida no meu aniversário pelo fato e estar completando mais um ano de vida. Como meu aniversário é em julho, no meio do ano, então eu tenho reavaliações a cada 6 meses sendo uma no aniversário e a outra no ano novo.

Na área esportiva tenho grandes planos. Primeiro de tudo é dar sequência ao que construi nos últimos dois anos: uma rotina. Não posso deixar o fantasma da preguiça me assombrar como aconteceu nessas ultimas duas semanas. Meu corpo tem a tendência de se acomodar, de deixar e ligar a televisão ou o computador. Tenho que lutar diariamente contra este comportamento natural e literalmente correr atrás de um corpo mais saudável. E não é fácil.

A minha ideia é ter uma constância nos treinos de corrida para melhorar meu condicionamento físico nas provas que participo. Se a gente não corre, perde o pique, o fôlego e toda a conquista que teve. E eu sou mestre em postergar. Depois de um bom progresso que tive durante o ano, desandei e perdi a animação nos últimos dois meses. Ano que vem tenho 3 metas de corridas. A primeira é a obrigação de correr 10km pelo menos uma vez por semana, no mínimo. Eu estava cumprindo esta diretriz no segundo semestre até certo momento, mas será retomado em 2014. Se a primeira meta estiver sendo cumprida, passarei para a segunda, que é correr duas vezes por semana, talvez num percurso menor no início como 5km. A terceira meta é me inscrever para pelo menos sete provas oficiais durante o ano, as 4 do Circuito das Estações Adidas e as 3 do Circuito Delta, fora as que pintarem pela frente. Se cumprir essas três idéias, farei um bom ano.

E se tudo der certo, São Silvestre pra fechar com chave de ouro.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Brincadeira dos 100 filmes

Uma brincadeira que resolvi participar depois de ouvir o podcast do Cinema com Rapadura. eles citam um tema e a gente tem que lembrar de algum filme que corresponda com a frase. Após vez a opinião dos participantes do programa resolvi dar meus pitacos.

Tentei não repetir filmes, mas em alguns casos não foi possível. E também tentei colocar os filmes que gosto, exceto aqueles em que o tema seja sobre os que eu não gosto. Eu também exclui alguns que se repetiram, então não ficou exatamente 100 temas, mas tudo bem



Um filme que lembre a sua infância – Os Heróis não tem idade.

Um filme que marcou a sua adolescência – Admiradora Secreta

Um filme que passe na Sessão da Tarde e que você adora – Um tira da pesada.

Um filme que você considera um clássico – Alien

O melhor filme de seu diretor favorito – Pulp Fiction

Um filme de vampiro – Entrevista com o vampiro

Um filme que você gostaria de ter assistido no cinema e não viu – Gravidade

Um filme ruim de um diretor bom – Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Steve Spielberg).

Um filme de baixo orçamento que você tenha gostado – Mad Max

Um filme com uma ótima música-tema – Skyfall

Algum filme que te traga boas lembranças – Conta Comigo

Um filme que você dormiu antes de terminar – O Paciente Inglês

Algum filme que você nunca conseguiu assistir inteiro – Plano 9 do espaço sideral.

Um filme que tenha sido baseado em um livro – O Iluminado

Um filme que tenha participação de algum famoso que não seja ator – Freejack (Mick Jagger)

Um filme que utilizou de cenas reais – Argo

Um que ganhou o Oscar merecidamente – Os Imperdoáveis

Um filme que você nunca assistiria de novo – Superman 3

O melhor documentário – Camp 14 – Total Control Zone

Um filme que possui uma excelente trilha sonora – O Último dos Moicanos

Algum filme que te faça rir – A vida de Brian

Um filme bom com um final péssimo – Cidade dos Anjos

Um filme que você gostou mas tem vergonha de falar – Felicidade - Todd Solondz

Um filme que te dá medo – O Exorcista

Um curta-metragem – Tarantino’s Mind - O Código Tarantino.

Um filme que lembra a sua família – Um príncipe em Nova York

Um péssimo filme – Alfie – o sedutor

Um excelente musical – Moulin Rouge

Filme baseado em um jogo – Resident Evil – O Hospede Maldito.

Um filme que você não entendeu ou teve dificuldade de entender – Donnie Darko

Um bom filme infantil – Procurando Nemo

Algum filme de época – Em algum lugar do passado

Um filme que você não indicaria – Mulher Gato.

Um filme de epidemia – Epidemia

Um filme que fica na cabeça – Mártires

Um filme de humor negro – Borat

Um filme de atores desconhecidos – Dredd

Um bom filme de máfia – Cassino

Um filme que possui uma frase de efeito (cite a frase) – Gladiador (o que você faz na vida ecoa na eternidade)

Um filme que lançou algum ator famoso – Rocky - Stallone

Um faroeste – Três Homens em Conflito – The good, the bad, the ugly.

Algum filme que te fez chorar – Voltando a Viver

Um ótimo filme de guerra – Apocalipse Now

Um filme de um diretor não muito conhecido – Os Olhos de Júlia – Guillem Morales

Um filme que te deprima – Amour

Um filme que você gostaria de atuar – De volta para o futuro

Um filme ridículo – Crepúsculo

Algum filme que tenham te contado o final antes de você assistir – Seven

Um filme para assistir a dois – O lado bom da vida

Biografia: Ghandi

Paródia: Spaceballs

Cult: Blade Runner

Com mérito mas pouco reconhecido: Drive

Filme de animais protagonistas: Tubarão

Enredo simples: Gravidade

Muito Sangue: Kill Bill Vol.1.

Preto e Branco: A Lista de Schindler.

Último filme que assisti: Fuga no Século 23.

Uma comédia sem graça: Deu a Louca em Hollywood

Um filme Complexo: Amnésia.

Não faz sentido: Hudson Hawk

Filme de Zumbi: Madrugada dos Mortos.

Meloso: Tudo por amor.

Próximo Filme que eu quero assistir: O Hobbit – Desolação de Smaug

Filme com meu ator favorito: O advogado do diabo

Filme em que o trailer é melhor do que o filme: Fúria de Titãs

Filme nacional: Cidade de Deus

Filmado em Lugar Exótico: O Senhor dos Anéis

O Título seja um nome próprio: O Curioso caso de Benjamim Button

Filme pesado: 8 milímetros

Personagem que lembre alguém da família ou conhecido: Up! Altas Aventuras

Protagonista é uma criança: O Sexto Sentido

Grande Bilheteria: Titanic

Filme catástrofe: O Dia depois de amanhã

Trash: Planeta Terror

A Melhor Saga de Filmes: O Senhor dos Anéis

Filme com numeral no titulo: Apollo 11.

Para reflexão: Wall-E

Com mensagem subliminar: A Profecia.

Filme em que o 2º é melhor que o 1º: O Exterminador do Futuro 2.

Não Obedece Uma Ordem cronológica: Amnésia

Sexo Explicito: O Anticristo.

Final Surpreendente: Jogos Mortais.

Não deveria ter feito continuação: Matrix

Bom de comédia: Quem vai ficar com Mary?

O Diretor também atua: Os Imperdoáveis.

Com vilão inesquecível: O Silêncio dos Inocentes

Bom de ficção cientifica: Minority Report.

Assisti Várias vezes: Guerra nas Estrelas.

Protagonista Morre: Coração Valente

Filme dos anos 80: Curtindo a vida adoidado

Muito Longo: Lawrence das Arábias

Um Lançamento: O Jogo do Exterminador

Um Fracasso de bilheteria: John Carter.

Titulo Esquisito: Antes só do que mal acompanhado (Uncle Buck)

Primeiro filme na minha cabeça: A Volta dos Mortos Vivos

De Serial killer: Seven

Eu tenho que recomendar: Laranja Mecanica

sábado, 14 de dezembro de 2013

Meta de leitura para 2014

Minha lista de 2013 foi completamente ignorada. Fiz um planejamento e no meio do caminho tomei decisões diferentes de leitura que foram influenciadas por muita coisa. Gosto de livros indicados e emprestados por outros onde posso ter a oportunidade de ler algo diferente do que imagino. Quando alguém vem com um livro diferente, é algo inusitado em sua vida, te leva para um caminho diferente do costumeiro. Fora que a biblioteca que eu usava está temporariamente fechada, então vários livros que pegaria lá estão fora de cogitação. Este ano foi marcado também pelo meu regresso à leitura de quadrinhos, então os livros tiveram concorrência.

Com o passar do tempo a gente vai mudando de opinião e alguns livros que a gente tinha vontade de ler acabam sendo deixados pro lado e ignorados, outros apenas faltou oportunidade. Então vou reincluir alguns livros de 2013 nesta nova lista e outros serão riscados para um futuro alternativo. Segue minha lista de intenções:

- Filhos do Éden – Anjos da Morte
Estava só esperando conseguir a cópia digital dele pra começar a leitura.

Odeio começar sagas e deixá-las pela metade. Pretendo completar a série das Crônicas de Gelo e Fogo. Adiei em 2013 porque eram muito grandes e fiquei com preguiça. Mas neste ano voltarei à Westeros.
- O Festim dos Corvos
- A Dança dos Dragões

- Morte Súbita
Muita gente tem falado bem deste livro da J.K.Rowling pós Harry Potter. Vou encarar.

Mais uma saga que comecei em 2013 e que pretendo completar em 2014. Duna. Ainda faltam 3 livros.
- O Imperador – Deus de Duna
- Os Hereges de Duna
- As Herdeiras de Duna

Os três primeiros foram fantásticos, mas não gosto de ficar só em uma história sendo que tem tanto livro bom no mercado que eu tenho vontade de ler. Mas termino esta saga este ano.

- Inferno.
Mais um do Dan Brown. Eu já sei o que vou encontrar, Dan Brown tem seu formato de escrita já estabelecido. Mas mesmo assim é o único livro que falta pra eu ler todos do autor.

- 1889
Os dois primeiros do Laurentino Gomes, 1822 e 1888 são excelentes. Uma forma bem fácil de contar a história do Brasil. Tenho certeza que este tem a mesma qualidade dos predecessores.

- O cemitério de praga
Comprei este livro do Umberto Eco há uns 3 anos e nunca li. Vou tirar o pó de cima dele e lê-lo finalmente.

- Xogun
Já me falaram que é um livro fantástico, coisa obrigatória de se ler. Mas sei que é extremamente longo, mais de mil páginas. Só de pensar dá preguiça. Mas as melhores coisas vem assim, na dificuldade. Vamos ver se consigo.

- O Forte
Livro do excelente autor Cornwell. Sei que ele tem muita coisa bem melhor, mas gostei da capa e do tema.

- Manifesto do Nada na terra do nunca
Novo livro do Lobão. Li sua autobiografia “50 anos a Mil” e achei excelente. Sei que além de músico ele é um pouco filósofo. Acho que vou encontrar algo bom ai.

- A Metamorfose
Um Kafka pra trazer algo de culto.

- A coisa
Mais um livro quilométrico na lista, desta vez do mestre Stephen King. Dizem que é um dos melhores dele. Estou colocando muito livro grande, não sei se conseguirei cumprir esta lista. Mas vamos ver né.

- Narrativas de um repórter
Livro que ganhei em uma palestra que assisti, mas ainda não deu tempo,

- Nietzsche em 90 minutos
Livrinho aparentemente rápido de se ler. Vi na livraria e me deu curiosidade.

- Vampeta_ memorias do velho Vamp
O Vampeta é muito engraçado e costuma contar mil histórias da época dele de jogador. Sempre me divirto com suas entrevistas. Acho que deve ter algo de bom no livro dele. Provavelmente é uma escrita pobre, mas a curiosidade é maior.

- O Carrasco do Amor - Irving D. Yalom
Autor fantástico. Já li 3 livros dele e quando vi na livraria este livro, não resisti a colocá-lo na minha lista.

- A Tribo - Joe Hill, Stephen King
União do pai com o filho. Já li o livro de Hill e ele realmente puxou ao progenitor.

Agatha Christie - O caso dos dez Negrinhos
Um dia ouvi um podcast sobre a famosa autora e livros de detetive. Nunca li nenhum dela e inclui este pra iniciar no seu universo. Dizem que este é um dos mais famosos.

Fiz esta lista correndo pra ter uma meta de leitura. Dos livros que não consegui ler em 2013 e que ainda tenho interesse, vou resgatar e reincluir no final caso sobre tempo:

- A cor que caiu do céu – Lovecraft
- Fundação – Asimov
- Um estranho numa terra estranha - Heinlein, Robert

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Rejeição

Gostar de alguém e não ser correspondido é uma merda. Dói demais, é muito ruim. A gente sabe que é uma dor passageira e que o tempo cura tudo. Tem outros peixes no mar. Mas enquanto esta fase não chega, é ruim demais. Não é a primeira vez, mas na hora a gente fica pensando que achou uma jóia única e que é a pessoa ideal. Não acharei mulher melhor.

Quase na mesma época vivi o outro lado da moeda. Havia uma mulher também interessada em mim. Ela não deu em cima na cara, mas deixou bem claro seu interesse. Não precisava ser um expert pra notar algumas coisas e ficou claro que só dependia de mim pra ir adiante. Mas eu não tinha nenhum interesse nela. Apesar de gente boa em geral, não gostava nem um pouco pra investir ali qualquer coisa. Apesar de seus avanços e u não correspondi em nenhum momento e ficou claro que eu não estava interessado. Na pratica também dei um fora. É uma situação bem desagradável rejeitar alguém apesar dela ser uma boa pessoa. Gostaria de continuar um bom relacionamento de amizade, mas era difícil conciliar com o interesse dela. Ao mesmo tempo em que passava por um perrengue com a outra que não que não queria nada comigo. Aqui se faz e aqui se paga? Todo mundo tem o direito de ficar com quem quiser. Mas quem está na ponta rejeitada sofre. Todos já passamos por coisas assim, não é privilégio de ninguém.

Eu me lembrei de uma discussão sobre o que é melhor: receber um presente ou dar um presente. Muita gente dizia que dar um presente é tão bom ou melhor que receber pois gostamos de ver a pessoa que temos carinho feliz. Proporcionar alegria a alguém que gostamos é realmente muito bom. Mas eu acho que ganhar presente é ainda melhor, claro. Do mesmo jeito que um receber um fora é pior do que dar um fora, apesar de ambas situações serem ruins.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Kobo

Comprei recentemente o Kobo, leitor digital utilizado pela Livraria Cultura e gostaria de dar meu depoimento em relação ao aparelho para aqueles que ainda não utilizam esta tecnologia. Não posso dar minha opinião sobre o Kindle, seu concorrente, pois nunca ousei. Mas, aparentemente, são similares.

Livro digital é o que há. Fiquei extremamente satisfeito com minha compra e me arrependo de não ter tomado a iniciativa de comprá-lo mais cedo. Li vários livros em papel gigantes como Guerra dos Tronos e Dança da Morte que eram muito difíceis de serem lidos pelo tamanho do material. Em um leitor digital isto tudo é irrelevante. Podemos carregar muitos livros de tamanhos imensos sem problemas.

O Kobo tem 3 modelos. O Mini, o Glo e o Touch. De cara descartei o mini, pois como tenho um samsung S3, a tela é praticamente do mesmo tamanho. Já a diferença dos outros dois é que o Glo tem uma luz interna e o Touch não. Fiquei muito em dúvida de qual dos dois comprar e resolvi levar o Glo mesmo. Foi a melhor decisão que já tomei. Quem lê na rua vai perceber que em muitos momentos não temos luz o suficiente para ler alguns livros, mesmo durante o dia dependendo do lugar em que estamos.

Pontos positivos:
- É leve, é touch, cabe bastante livros, tem luz interna para momentos escuros, bateria que dura semanas dependendo da utilização.
- Podemos incluir diversos dicionários. Se estivermos lendo um livro e não conhecermos determinada palavra, basta clicar nela que o significado aparece. Isto é muito útil quando estamos lendo textos em outra língua.

Pontos Negativos: - A passagem de página é lenta e de vez em quando o touch não me entende. - A procura de uma determinada página lá no meio do livro que você queira recorrer é muito difícil. O aparelho é bom pra ler de uma forma contínua. Mas para aqueles que gostam de pular páginas ou querem reler um determinado trecho lá atrás, é ruim. Eu li um livro que tinha glossário no final e simplesmente desisti de recorrer a ele. Muito trabalho.

Naquela velha discussão se o digital substituirá o livro, esqueça. Livro em papel sempre vai existir. Mas ter um kobo facilita muito em determinados livros. Apesar dos defeitos, vale muito a pena. Para quem lê muito, aconselho.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Antiga empresa

Sonhei que eu tinha voltado para uma antiga empresa que trabalhei. Na verdade eu nunca trabalhei nesta empresa na vida real, apenas no sonho. A empresa funcionava em um andar inteiro e tinha três donos. Mas no dia que eu cheguei para visitá-los, um dos donos comprou a parte dos outros dois. Comentei com outros funcionários que isto era muito bom, pois antigamente com três chefes as orientações de como conduzir o serviço se contradiziam e os funcionários ficavam perdidos dentro de três estilos de liderança. Agora que estava unificado em um cara, o serviço tendia a ser mais focado em apenas uma visão.

Neste momento chega uma morena com cabelos encaracolados e muito bonita. Ela era filha do dono da empresa e que também trabalharia lá em alguma função de gerência. Apesar de filha do dono, não era arrogante, mas muito simpática. Estávamos eu, o colega da empresa que era meu amigo e ela. Para comemorar a fusão e a nova fase, eles organizaram um jogo de futebol em uma quadra society num clube de campo e eles me convidaram também.

O curioso é que a morena participava do jogo de futebol também junto com os homens. Enfim. Num momento qualquer no meio da partida eu me distrai e fiquei olhando para outro lado diferente e de repente houve um solavanco na quadra, ou seria no sonho, que fez a morena cair no chão com gritos de dor. Pensei que meu amigo havia tropeçado e pisado em sua barriga. Chegamos próximo dela e fiquei olhando tentando entender o que aconteceu. Meu amigo se abaixou e verificou a barriga que estava sagrando. De repente ele puxou um pouco a pele dela e a barriga simplesmente abriu, como se estivesse cortada na altura da cintura, e deu pra ver todos os órgãos internos.

Nesta hora o sangue subiu e aumentou a adrenalina. Como uma coisa dessas aconteceu ali durante uma partida de futebol? Ela urrava de dor e indicava o braço como se fosse o principal problema. Ela esticava o braço e gritava: “corta o meu braço, corta por favor!”. Eu olhava para o braço dela inteiro e não via nada de anormal. Será que ela não estava sentindo as tripas saindo da barriga?

Acordei com aquele sentimento de ter tido um pesadelo. Mas fiquei pensando depois o que aconteceu no campo pra abrir a barriga dela. Só se quando ela caiu uma serra, dessas de cortar madeira, veio de baixo pra cima e a serrou. O que seria mais insano ainda, mas faria algum sentido num sonho.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Pesquisas políticas

Recentemente saiu a notícia da última pesquisa do Datafolha sobre como é avaliado a gestão dos políticos e da intenção de voto para as próximas eleições. Provavelmente Dilma será reeleita para um próximo mandato, assim como o governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Já o atual prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, teve sua avaliação de primeiro mandato muito aquém do que se esperava, próximo de Celso Pitta, que foi um dos piores prefeitos que a cidade já teve. Devemos analisar a situação e não aceitar simplesmente o resultado numérico. Politicamente o PT vai ter que correr atrás do prejuízo, mas eu faço outra avaliação.

Não estou defendendo ou atacando nenhum político, mas só alguém que dá a cara pra bater e tenta a mudança que é prejudicado na avaliação do povo que só vê o imediato e não o conjunto e a visão a longo prazo que tanto queremos. Um governante hoje em dia só pensa no seu mandato e que se foda o futuro. Ele quer colher o que ele mesmo plantou e não semear para que o próximo colha os frutos. Seu planejamento não passa de quatro anos e muita coisa que a população precisa necessita de um tempo maior de maturação.

Haddad teve que encarar uma manifestação pública do aumento dos transportes nunca vista antes. Está tentando dialogar com a sociedade e mostrar que não tem tanto poder assim como imaginamos. Está tentando reduzir os custos dos ônibus mudando algumas linhas e criando faixas exclusivas. Tudo isto gera desconforto na população com a criação de multas e mudanças em sua rotina, mas são coisas que precisam ser feitas. É como aconteceu com a Marta Suplicy, ela fez várias reformas nas vias e criou vários terminais de ônibus para a introdução do bilhete único. Hoje não vemos como viver sem isto, mas na época todo mundo malhou a prefeita que nunca mais conseguiu se reeleger. Tudo bem que ela é uma escrota arrogante, mas fez muita coisa.

São pessoas que tentaram. Conseguir é outra coisa. Agora tem políticos que não querem receber uma resposta negativa, então o que fazem? Nada. Por que vou tentar mudar o mundo se em troca tenho reprovação da comunidade que não quer mudança? A Dilma e o Alckmin nada fazem além de protelar decisões e empurrar com a barriga os problemas. Resolvem coisas burocráticas e mantém o poder, em troca a população os reelege.

Ninguém está feliz, mas acham que nada vai melhorar se trocar de político então vota na mesma pessoa que pelo menos não está fudendo com suas vidas. Assim o mercado cria um comportamento corrosivo na sociedade que é o da manutenção do status quo. O político que sucede o anterior, mantém a mesma política mesmo que sejam de partidos ou ideologias diferentes. Ninguém quer mudar. Por que os políticos vão votar sobre liberação da maconha, autorizar casamento gay, aborto, eutanásia, corte de salários ou coisas impopulares? É melhor deixar engavetado e torcer para que ninguém lembre que este assunto existe. Pergunta a opinião de um político sobre qualquer um desses assuntos. Exceto a bancada evangélica, que é claramente contra qualquer um desses assuntos, os outros não querem pronunciar nem se são a favor nem que são contra. Não querem a rejeição de nenhum dos lados, ficam em cima do muro.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Não se desespere!

Todos os dias eu vou e volto do serviço através do trem. Pra mim é o meio de transporte mais rápido que tem por não pegar transito, quando funciona é claro. Apesar disto, na hora do rush é estupidamente cheio. Hoje não foi diferente. E eu sempre carregando um livro pra não desperdiçar a viagem, aproveito para colocar minha leitura em dia apesar dos pesares.

Para driblar os problemas do transporte cheio, costumo sempre lutar para ficar pelo menos num lugar encostado e não ter muitos problemas com o equilíbrio, já que uma mão estará segurando o livro. Além disto, como tenho problemas de concentração num lugar onde as conversas paralelas são muitas e altas, sempre coloco trilhas sonoras para ouvir durante a leitura. Logo me transformo em um casulo, bem localizado pra não cair e imerso ao caos lateral com um metal no ouvido.

Quando cheguei próximo da Lapa, meio caminho da minha casa ao centro de São Paulo, uma grande quantidade de pessoas se adentrou ao vagão já lotado, gerando mais aperto. Mesmo imerso na minha leitura, algumas coisas não davam pra deixar de observar. No meio desta galera que entrou, veio uns 6 amigos em bloco que estavam juntos na confusão e ficaram bem no meio do vagão sem lugar pra se segurar. A cada balançada do trem eles eram jogados de um lado para o outro, inclusive para cima de mim. Eles não estavam nem ai, nem se davam ao trabalho de se segurar, até brincavam e conversavam entre si. Algumas vezes me incomodava, pois detesto gente que se escora e não tem preocupação com o desconforto que pode estar gerando no outro.

Mas eu continuava no meu casulo. Estou lendo o livro “Não se Desespere”, do Mário Sérgio Cortella, que é uma junção de diversos pensamentos filosóficos sobre nosso modo de vida. Uma moça, no meio deste grupo chegou a dar uma olhadinha de canto de olho e deu um pequeno sorriso. Percebi que ela estava lendo a capa do livro e tentando decifrar sobre o que ele falava. Eu mesmo faço isto várias vezes na vida. Adoro ver o que as pessoas estão lendo e tentar decifrar do que o livro fala. Um título não resume o assunto de um livro. “O caçador de Pipas” não é a história de um cara que fica empinando uma pipa no céu, é uma coisa muito mais complexa que isto. “Anjos e Demônios” não fala sobre anjos e nem demônios. Mas muita gente lê o título e acha que sabe o que ele se trata. É curioso ver as pessoas lendo o título do seu livro, pois penso no que eles devem estar pensando. Ela deve ter pensado que eu queria me jogar do décimo andar e resolvi ler o livro “Não se desespere!” pra tentar me acalmar.

Enfim. Estava eu concentrado em minha leitura quando uma música acabou e no intervalo de uma para a outra fica um silencio de alguns segundos. Neste intervalo eu ouço o que o povão está falando e gritando. Neste momento o trem deu uma chacoalhada e um cara gritou para os outros: “gente, não se desespere, não se desespere!”. Deu uma vontade de dar risada. Obviamente eles chegaram a comentar sobre a capa do livro e adaptaram na situação de merda na qual nos encontrávamos. Não tinha muito a ver com o livro, mas o uso do título naquele momento não poderia ser mais perfeito. Eu era o assunto do trem e nem estava sabendo.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Choque de realidade

Hoje tive um choque de realidade. Uma hora a vida vai te ferrar, espere e veja. Não importa o quanto você esteja se sentindo bem e que as coisas estão dando certo pra você. Outro dia aconteceu isto. O final de semana foi ótimo, deu tudo certo e parecia que a vida iria tomar um novo rumo até que chega uma segunda feira e coloca tudo debaixo d’água. Parece que a vida tirou folga no final de semana e quando voltou ao expediente olhou que as coisas estavam legais e pensou “mas que merda é essa? É só eu sair por 5 minutos que esse cara começa se dar bem. Volta já pra cá.”. Nesta hora que as coisas ruins voltam a ser rotina e eu volto ao trilho do inferno.

Certos destinos não foram feitos para nós. As coisas estavam dando muito certo pra ser verdade. Quando a esmola é demais, o santo desconfia. E eu acreditei numa vida melhor, trouxa.

Lembrei-me do filme/peça Les Miserables, naquela cena onde Fantine canta sua situação na música I Dream a dream. Claro que a situação dela era muito mais terrível do que minha vida burguesa, mas o sentido é o mesmo. O sonho que eu tinha pra minha vida não é nada parecido com a vida que vivo agora. A vida matou o sonho.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Qual é seu peso ideal?

Será que sou gordo ou não? Todos acabam se fazendo esta pergunta quando se ganha alguns quilinhos a mais ou não entra mais em alguma roupa. Claro que tem muita mulher maluca magra que se acha a gorda obesa e quer emagrecer mais. Esse tipo de mulher merece um tapa na cara só pra deixar de ser mimada. Existe muita gente gordinha por ai que sofre por ter excesso de peso e irrita muito quando vemos alguém magro se queixando de problema de peso. “Vai se tratar” com um psicólogo que você ganha mais.

Enfim, o que é ser gordo? Ser magro demais com ossos aparecendo não é nada agradável para o parceiro. Quantas vezes ouvimos outras pessoas dizendo que quem gosta de osso é cachorro, que nós gostamos de carne. Isto é verdade. Mas por que buscamos sempre emagrecer apesar de tudo isto? Tem vezes que estamos com um bom peso corporal, bom de pegar, com alguns quilinhos a mais, mas nos achamos gigantes. Não importa o que o outro diga. Precisamos estar bem com nós mesmos, nos sentir bem. Não adianta as pessoas dizerem que estamos bem se nós nos sentirmos mal com nosso próprio corpo. Mas tem gente que exagera e vê gordura onde não existe.

Há muito tempo eu ouvi que um homem deveria ter no máximo o peso de sua altura, descontada um metro. Por exemplo: Tenho 1m79. Tira-se um metro e sobram 79. Logo meu peso máximo não deve ultrapassar este valor. E o intervalo que devemos estar são de dez quilos. Meu peso ideal variaria entre setenta e oitenta quilos. Com oitenta, temos sobrepeso e com 70, inanição. Já para a mulher este cálculo seria menor em 10 quilos. Por exemplo: se uma mulher mede 1m70, ela não deve pesar mais que 60 quilos, senão já é considerada gorda. As modelos profissionais usam o cálculo de 20 quilos abaixo. Uma modelo de 1m80 pesa no máximo 60kg.

Sempre usei este cálculo acima, como leigo, como verdade. Entretanto neste ano li uma notícia onde dizia que de todas as formas de se avaliar se uma pessoa é gorda ou não, a melhor é o cálculo do IMC, Índice de Massa Corporal. É a divisão do seu peso pelo quadrado da altura. Se o resultado der mais que 24,99, temos um gordinho ai. Qual não foi minha surpresa em descobrir que o cálculo do IMC bate certinho com meu conhecimento prévio do parágrafo anterior. Se eu tiver 80kg, terei mais de 25 pontos no IMC.

Por isso reforço que a melhor forma de controle do peso é o cálculo do IMC. Eu já sei que não posso passar de 79kg.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Como emagreci 13kg em 3 meses

No início do ano de 2013 eu cheguei a pesar 90kg, sento que tenho 1m78. Coloquei na minha cabeça que eu queria emagrecer e em 3 meses diminui 13kg. Muita gente me pergunta qual é o “segredo”. Acho engraçado, pois não existe segredo. Todos nós, pessoas razoavelmente informadas, sabemos o que engorda. Sabemos que comida gordurosa e pouco exercício levam a este estágio e que comida natural é melhor. O segredo, na verdade o “pulo do gato”, é a determinação e força de vontade. Tem que colocar na cabeça que você vai conseguir e se esforçar pra atingir isto. Pense que o pior é no começo da dieta, depois melhora.

Minha irmã me perguntou uma vez o que ela tem que parar de comer pra emagrecer. O que ela tem que tirar do seu cardápio para fazer algum efeito, o que ela não pode comer. Na minha estratégia eu fiz exatamente o contrário desta lógica. Eu tirei tudo e me perguntei: ”o que eu posso colocar na minha dieta que não vai afetar o resultado final”. Não é o que eu posso tirar e sim o que eu posso por.

Primeiro de tudo fiz aquilo que todo mundo sabe que é o certo e ninguém faz. Aumentei a quantidade de frutas, verduras e legumes a ser consumido. Quais? Todos. O quanto eu conseguisse comer. Não diminua a quantidade ingerida e sim a qualidade do que se come.

Eu já tentei esta estratégia no passado e falhei. Sabe por quê? Porque eu tentei comer 100% de saladas nas refeições e isto é impossível, pelo menos pra mim. Não há possibilidade de sobrevivência só comendo folha o tempo inteiro. Logo a gente tem que fazer algumas escolhas pra saber o que podemos incluir na dieta para que ela se torne aceitável a logo prazo sem prejudicá-la.

- Carboidrato:
Inclui o tão famoso arroz com feijão, que brasileiro não vive sem. Mas substituí pelo arroz integral e limitei a quantidade.

- Carne:
Cheguei à conclusão de que não posso viver sem carne. Então optei pelo peixe, a carne mais saudável que tem. Mas ela não pode ser frita e sim assada ou cozida. Eu gosto bastante de salmão então fazia toda semana. Logo descobri que não sobreviveria somente com isto e eventualmente enjoaria de tal iguaria. Então inclui mais uma carne, o frango, grelhado claro. Mais na frente eu experimentei e gostei da carne de soja. Então meu cardápio ficou bastante variado com peixe, frango e carne de soja. Não corria mais o risco de enjoar já que tinha três alternativas de refeição diferentes.

Como fazer meu prato? Fácil. Divido mentalmente em quatro partes. Como em todo restaurante self-service a salada vem primeiro fica até mais fácil de preparar a comida. Dois quartos do prato eu encho de folhas: alface, rúcula, agrião, qualquer verde disponível. Vão sobrar dois quartos do prato livres. Então no terceiro quarto eu coloco outro tipo de verduras e legumes como tomate, cenoura, beterraba, vagem, brócolis seja o que for. Vai sobrar um quarto do prato livre. Neste um quanto a gente coloca o arroz, feijão e a carne. Está pronto o prato. No final coloca bastante pimenta na carne pra te fazer suar e gastar calorias do corpo.

Eu demorei 3 meses pra emagrecer 13kg porque fui muito relapso e inclui muitas exceções durante este tempo. Participei de festinhas durante a semana, comi doces e porcarias quando não podia comer e sempre me martirizava depois de ter furado a dieta. Mas no final eu continuava emagrecendo. A idéia é nunca fugir muito deste esquema, do trilho. De vez em quando surgem estas exceções, mas são exceções e não regra. A regra é aquele parágrafo acima de como fazer seu prato.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Como lidar e conviver com a Pirataria

O mundo digital veio pra ficar e as pessoas têm que se adaptar a uma nova situação e não ficar esperneando e chorando o leite derramado. É claro que é uma bosta para o produtor que cria algo a ser vendido e o consumidor consegue adquirir grátis ou por R$5,00 no camelô. Reconheço que é injusto, mas há formas de se adaptar.

Um dos primeiros a sofrerem com a pirataria foi o mercado fonográfico. O advento do CD e a facilidade com que uma cópia podia ser feita era gigantesca. O caso piorou de vez com a criação do formato tão popular do MP3 e dos programas de troca de arquivos pela internet. Ai virou uma zona total, um mercado impossível de se conter já que é aberto. Hoje o cantor ganha mais dinheiro com seus shows. É uma coisa que não dá pra se copiar e todo fã vai querer pagar a entrada para vê-lo ao vivo. É uma adaptação do artista a um mundo sem propriedade.

Logo depois os DVDs piratas também invadiram o mercado cinematográfico causando vários prejuízos para os cinemas. Mas ai o mercado desenvolveu os filmes em 3D, fazendo com que as pessoas queiram ver os filmes no cinema. Não resolveu 100%, mas melhorou bastante. Fora que o cinema é um programa social ao qual as pessoas vão pra passear, então nunca vai acabar só por causa do DVD.

Já o livro eu acho que corre sério risco. Podemos baixar milhares de livros digitais e lê-los via e-book, computador e celular. Por que eu compraria um livro de papel. Os mais nostálgicos gostam de senti-lo nas mãos, de cheirá-lo, etc. Tudo bem, mas pense bem. Normalmente uma pessoa só Le um livro uma vez na vida. Raros são os livros que resolvemos reler, somente aqueles muito especiais e que merecem ser comprados. Mas a maioria é de leitura simples e rápida. Depois de serem lidos, serão grandes tralhas para estantes. Ocupará espaço, acumulará pó e atrapalhará sempre.

Vejo pela minha coleção de Game of Thrones. São livros gigantes que ocupam toda uma prateleira em casa, trambolhos que quero me desfazer. Foram difíceis de serem lidos por causa do tamanho, já que leio no trem indo para o trabalho. Quase tive uma L.E.R. no pulso de ficar segurando o tijolo por muitas horas seguidas. Um livro é algo difícil de ser produzido pelo autor. Requer pesquisa e muito tempo de dedicação intelectual. Ao ser copiado de graça por meio digital, deve ser um balde d’água em qualquer pretensão em se tornar um escritor. Espero sinceramente que não prejudique o mundo literário, senão nossa educação no futuro estará em sérios problemas.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Estratégia de emagrecimento: Comida de festa

Uma estratégia que se pode usar é a idéia de diferenciar “comida de festa” e “comida de dia normal”. Festas desde tempos bíblicos e antepassados mais antigos até hoje são eventos que tem bastante comida, bebida e música. Uma reunião que não tenha pelo menos estes três ingredientes não pode ser chamada de festa. As festas foram criadas para celebrar algum evento específico como nascimento e aniversário, uma grande vitória seja na guerra quanto no esporte, casamento, etc. São coisas muito esporádicas e que não acontecem todos os dias.

Antigamente sempre houve escassez de comida. Quantas vezes ouvimos histórias de nossos pais dizendo que na época deles a vida era mais difícil, que fizeram grandes sacrifícios para progredir, que juntavam o pouco dinheiro pra comprar algo que realmente precisavam. Meu irmão dizia que o menino rico do colégio dele sempre levava pão com mortadela pro recreio e ele tinha que se contentar com o pão com manteiga. Ele dizia que ficava sonhando com o lanche alheio. Quando existia uma festa de aniversário, a melhor coisa era que iria ter refrigerantes e lanches de pão com patê de atum. Coxinha, quibes e, claro, o bolo. Pelo menos nas festas que eu ia quando criança eram todas assim. Presente então só tinha no meu aniversário e no natal. Apesar de tudo, éramos felizes.

Não sei em que época mudou, mas hoje em dia a vida apesar de dura é sem dúvida mais fácil que antigamente. Hoje qualquer cidadão, do mais pobre ao mais rico, toma refrigerante todos os dias, come sobremesa depois do almoço, abre um pacote de bolacha no meio da tarde e mata uma caixa de biz à noite. Todos os restaurantes self-service que eu frequento quando saio para o horário de almoço durante a semana têm coxinha, pastel e churrasco feito na hora. O monte de caixa de doces do lado da caixa registradora e um freezer com sorvete é lei.

Meu ponto é que antes o que comíamos de vez em quando hoje se tornou o dia a dia da população. Hoje todo dia é festa. Somos como aqueles meninos mimados de antigamente que tínhamos tudo o que queríamos sem fiscalização dos pais. Imagina aquele menino rico que tinha o pai dono de uma casa de doces e que podia pegar quantos chocolates quisesse. É o que somos hoje em dia. A coca-cola em garrafa pet de 2,5litros está 5 reais. Na minha época uma garrafinha de 600ml era um absurdo de caro. Um pacote de bolacha deve sair por menos de 1 real.

Temos que por na cabeça que festa é festa e dia normal é dia normal. De segunda a sexta, come-se apenas aquela comida básica, sem agrotóxicos. Sem fritura, sem gordura, sem doces, sem refrigerante. No final de semana podem-se abrir umas exceções e comer algumas porcarias. Ou seja, é como se você tivesse 2 festas por semana, o que já é muita coisa. Com cinco dias normais e duas festas você é quase um boêmio! O que os gordinhos de plantão têm que por na cabeça é que emagrecer sem mudar seu estilo de vida é impossível. Uma vida de festas todos os dias não tem como permanecer magro, a não ser que a genética te ajude. Mas se você for como eu, que se ingerir doce engorda, esta é a solução.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Daniela Mercury

Texto que escrevi em junho. Ficou um pouco datado, mas vale a pena a publicação.

Daniela Mercury virou gay, ou saiu do armário, ou divulgou pra todo mundo uma coisa já sabida. Não sei. Só sei que a notícia foi divulgada com bastante estardalhaço e repercutiu bastante nos meios de comunicação e nos grupos de sempre como igreja e comunidade GLBT. Um demonizando, outro a colocando como líder de um movimento de mais respeito aos gays.

Sinceramente, acho uma babaquice. Se ela quer pegar mulher, o problema é dela e de mais ninguém. Mas como ela é famosa, os jornais dão grande destaque pra um assunto supérfluo e inútil. Mas porque fazem isto? Porque tem gente que compra a revista, o jornal e clica na notícia nos portais da internet dando muito dinheiro. Tem porque tem gente que consome, simples assim.

Alguns críticos dizem que ela anunciou isto pra imprensa para voltar a ser notícia já que andava sumida. Ser pouco conhecida vende menos. E alguns até questionam o fato dela ser gay, que é puro marketing. Discordo. Acho que ela é sim gay, seria muito absurdo divulgar tal mentira pra sair na mídia e depois desmentir.

Mas acho que há uma super exposição na mídia sobre este assunto inútil. E muito disso é culpa dela. Que a mídia é fofoqueira e espalha intimidades de famosos já é coisa corriqueira e normal. Mas a imprensa está divulgando coisas que ela mesma tem espalhado. As notícias vêm dela mesma e não é alguém que acaba descobrindo podres de sua vida. Virou um press release da própria cantora.

Alguns dizem que foi certo ela ter vindo a público e se declarado lésbica, pois sempre é pior ser descoberta e flagrada. Que a notícia seja divulgada de livre e espontânea vontade e não de modo sensacionalista. Até entendo isto. Mas agora ela liberou geral e está dando showzinho de lésbica em todos os canais de televisão dizendo o quanto ama sua companheira e tal.

Hoje ela tem quase 50 anos, pasmem. Está conservada. Aliás, faz aniversário no mesmo dia que eu: 28 de julho. Enfim. Pra alguém que viveu 48 anos sem ninguém descobrir que era lésbica, com certeza se trata de uma pessoa discreta. Por que agora ela se tornou a porta voz da comunidade GLBT de uma hora pra outra e virou a defensora dos direitos gays? Não entendo. É uma mudança de personalidade total. Nessas horas até faz sentido aquele argumento que ela divulgou a notícia para sair na mídia e voltar aos holofotes. Virou seu carro chefe pra divulgação das músicas.

Se ela é gay, problema dela. Seja feliz. Mas já está torrando o saco.

sábado, 9 de novembro de 2013

O homem sábio molda a si mesmo. Os tolos só vivem para morrer.

Estou lendo a sequência do fantástico livro Duna, os Messias de Duna. Segunda parte de seis livros de Frank Herbert. Ele é recheado de frases que podemos extrair conteúdo positivo. Uma delas é esta acima. "O homem sábio molda a si mesmo. Os tolos só vivem para morrer."

Uma pessoa cria seu próprio futuro, ele tem as rédeas de sua vida e trabalha em prol dos seus objetivos. Um tolo vive como aquela música do Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar...” Eles vivem e esperam sentados as coisas caírem dos céus. É aquele tipo de gente que critica os ricos e os que progrediram com o suor de seu trabalho, são amargurados pelo sucesso alheio. A grama do vizinho é sempre mais verde. Nunca estamos satisfeitos com nossas vidas e pomos a culta no sistema, nos políticos, na vida, em Deus, na mulher, nas pessoas que atrapalham sua vida, na saúde e seja qual for o motivo. Nunca é culpa delas mesmas. A culpa é sempre do outro.

Se realmente queremos algo, devemos lutar por isto e não deixar o pessimismo nos derrotar. Ser perseverante e saber que vamos tropeçar muito na vida antes de alcançar nossos objetivos. E quando alcançarmos, não ficaremos satisfeitos com aquele estágio e criaremos novas metas mais altas ainda. Um sábio nunca está feliz onde se encontra.

Uma pessoa que espera que as coisas aconteçam, morrerá sem nunca ter alcançado o que queria. Eles parecem estar apenas esperando que a morte chegue logo pra descansarem eternamente. Não sabe que a morte é apenas uma passagem para outra vida onde terá novos objetivos e novos desafios. Não adianta postergar sua felicidade. A hora de conquistas é agora. Faça a sua própria trilha e caminhe decidido, sem ficar pensando o que aconteceria se fosse por outro lado. O pior que pode acontecer numa encruzilhada é ficar indeciso e não escolher nenhum caminho. Tome sua decisão e vá em frente sem ficar olhando pra trás. A vida é cheia de escolhas e sempre que pegamos uma opção, jogamos outra fora. Nunca teremos tudo ao mesmo tempo. Não chore pela oportunidade perdida e sim pela que você agarrou.

Viva para cometer erros aprendendo com eles e se tornando uma pessoa mais resistente. Não deixe que os outros digam o que você deve fazer. Você é o dono de sua vida. Decida-se por si próprio, mesmo que erre. Mas a decisão foi sua. Deus deu esta dádiva a todos os seres vivos, o livre arbítrio. Use-o.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Série Delta: 3º Etapa Rússia: São Paulo

Não era pra eu ter participado de uma corrida de rua tão próximo de outra que corri há duas semanas. Até pensei em desistir, mas como já tinha pagado, minha obrigação era estar presente e não me arrependi. Foi um evento muito bom, assim como foi na segunda etapa do ano onde homenagearam o Japão. Desta vez o dia estava muito bom desde o começo. Apesar de estarmos no horário de verão, às 7h30, horário de largada, já estava com o sol forte, que durou o dia inteiro.

A ideia de participar de provas pagas como esta é como se fosse um teste para meu condicionamento físico. Estou tentando praticar o exercício na academia e melhorar meu estado, então depois de uns dois ou três meses eu me inscrevo em uma prova dessas e vejo se consigo baixar o tempo. Interrompi este ciclo ao participar da corrida do SESI há duas semanas para acompanhar meu irmão. Naquela corrida eu consegui baixar meu tempo em aproximadamente dois minutos e sai muito satisfeito. Depois disto, era pra eu ter descansado uma semana, fazer mais um treino na esteira e corrido esta prova da Rússia, mas por causa de outros compromissos minha programação foi toda bagunçada e não corri mais nenhuma vez. Já esperava uma corrida ruim. Uma melhora requer tempo, nada progride assim do nada, sem preparo. Eu tive um avanço na corrida anterior, pois me preparei, por dois meses, seguindo uma programação previamente planejada por mim mesmo. Nesta corrida eu apenas torci para que repetisse pelo menos o tempo anterior ou que não passasse muito.

Os primeiros 5km do percurso que começa em frente ao Museu do Ipiranga é cheio de ladeiras, subidas e descidas fortes, principalmente a largada que é subindo. Mas nesta primeira parte eu fui muito bem, fiz um tempo ótimo pra mim, 27 minutos, e se conseguisse continuar na mesma pegada eu conseguiria reduzir em muito meu tempo. Já a partir do 6km as coisas mudaram de figura. Teoricamente seria a melhor parte do trajeto, já que dali por diante seriam quase 5km no plano, mas foi ai que o corpo começou a sentir e o cansaço veio forte. Tive que diminuir e descansar várias vezes, parando pra beber um pouco d’água. Naquela hora eu tive certeza que não conseguiria baixar meu tempo e a única coisa que pensava era em não fazer tão feio. Correr mais de 1h seria um grande retrocesso e eu ficaria com vergonha de mim mesmo. Eu presto contas pra mim, eu sou meu treinador e procuro superar meus próprios desafios.

Depois do 8km eu me concentrei, pensei em outras coisas, a música me ajudou bastante e o cansaço forte sumiu. Percebi que se a gente pensa muito em uma coisa, ela piora. Se você pensa que está cansado, que torce pra chegar logo, a gente sente mais cansaço ainda naquele momento. Se pensarmos em outra coisa, o cansaço some. É a mesma coisa com um regime. Pensamos em não comer, mas a única coisa que sentimos é uma grande fome insuportável. Quando eu esqueço que tenho fome, ela desaparece como por encanto. O pensamento é algo poderoso e afeta todos os nossos sentidos, como o efeito placebo. Os melhores esportistas são aqueles que além dos músculos treina o cérebro para continuar obstinado e não perder o foco.

Faltando um quilometro percebi que dava pra chegar próximo ao meu tempo anterior e não fazer tão feio, então apertei meu passo mesmo cansado. Tudo o que eu queria era não ficar com vergonha de mim mesmo. Próximo da chegada vi o cronometro mostrando 55 minutos e sonhei em baixar meu tempo em um minuto, mas não consegui. Aquele final é muito puxado, pois é uma subida forte. Cheguei com a língua arrastando no chão e cravei 56:08. Não muito, como era esperado pela proximidade da corrida anterior, mas mesmo assim melhorei meu tempo em alguns segundos, 38 para ser exato. Meu ano até aqui foi somente de superação no quesito corrida, um bom ano.

sábado, 2 de novembro de 2013

Finados

Dia de finados, muita gente usa para ir ao cemitério. Prestar as honras aos falecidos e entes queridos e por causa disto causa excesso de visitantes e aumenta-se o preço das flores em lojas próximas, fora que neste dia sempre chove. É uma data inútil. Quem quer ir ao cemitério rezar e relembrar seus entes queridos pode ir em qualquer dia do ano independente do feriado, pode encontrar tudo vazio, tranqüilo e com preços melhores. Mas não, espera o feriado. É a mesma coisa que dar presente nas datas oficiais. Quem gosta de uma pessoa, dá presente em qualquer dia, pode ser uma terça-feira dia 5 de qualquer mês. A surpresa ainda é a melhor forma encantar uma pessoa. Um presente fora de época com certeza será inesperado.

Finados pra ser mais educado, mas na verdade ele é o dia dos mortos. Os países da América Central e o México que fazem desta data um grande evento, eles sim estão certos. O dia de los muertos é uma mistura de halloween com carnaval onde milhares de pessoas saem fantasiadas de caveiras pra curtir uma festa popular nas ruas, muito mais divertido e respeitoso com os mortos. Você acha que aquele que se foi gostaria de te ver chorando ou rindo? Claro que eles queriam a nossa felicidade.

Tudo bem que existem aqueles momentos em que lembramos de pessoas queridas e a saudade bate e aperta o coração, choramos mesmo e sofremos a falta que eles fazem. Mas é um momento particular e que cada um deve fazer o que bem entender. Mas na minha opinião pode escolher qualquer um dos 365 dias do ano, menos este. Vão matar um feriado a toa, onde poderiam estar viajando, visitando amigos e parentes e celebrando a vida do jeito que quiser e não a morte.

Aos poucos estamos melhorando o jeito de encarar o dia, apesar de estarmos importando um festejo estrangeiro como o zumbi walk. Eu adoro a ideia dos zumbis em filmes e livros de terror e um apocalipse zumbi está presente no imaginário de todo nerd e cinéfilo pipocão. O pessoal faz igual aos mexicanos, se fantasiam de mortos-vivos e saindo às ruas como se estivesse sido contaminado pelo vírus zumbi. É aquela cena padrão desses filmes, com aquela massa de zumbis correndo atrás da população não contaminada. É um filme a céu aberto.

Outra coisa que eu aprendi é que finados está ligado a outros dois dias, formando uma trinca inseparável para aprender como surgiu a data comemorativa. Dia 31 de outubro é conhecido no Brasil como o dia das bruxas, ou Halloween no exterior. Hallow – eve, seria véspera do dia sagrado. Segundo a cultura celta, no dia um de novembro os mortos voltam ao mundo dos vivos, então para não sermos levados com eles temos que preparar doces na véspera, no dia 31, para entregar aos mortos no dia 1/11. Por isso que tem aquela brincadeira nos Estados Unidos das pessoas se fantasiarem de mortos e ir à casa dos outros pedindo doces. Já o dia primeiro de novembro, quando os mortos voltam, foi adaptado pela igreja católica como o dia de todos os santos. Já que vocês estão celebrando este feriado pagão, que adotem um nome mais católico, devem ter pensado. E finalmente no dia dois de novembro os mortos voltam ao seu lugar de direito, o além, ai sim rezamos para que descansem em paz. E o dia dos mortos para a cultura celta também representa o fim do ano e o começo do inverno no hemisfério norte. É como se os mortos aparecessem no ultimo dia do ano e votassem a repousar no inverno.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Um Filho Seu

37ºMostra Internacional de Cinema São Paulo
Un Enfant de Toi
2012 – França

Mais um filme francês que assisto nesta mostra de cinema e desta vez a história fala sobre um casal que viveu junto durante cinco anos e se separou. O filme começa três anos depois quando os dois se reencontram a convite dela para se rever e trocar figurinhas. Cada um dos dois já está em um novo relacionamento, mas eles ainda têm muita coisa em comum, a intimidade e o carinho ainda estão presentes no ar e parece que ainda é um casal apesar de não se verem por muito tempo.

Existe uma filha para criar o vínculo entre eles e não entendi porque a filha mora com ele. Normalmente vemos os filhos de pais separados morando com a mãe, claro. A menininha é muito bonitinha e inteligente, ela sabe muito mais do que seus pais pensam que ela sabe. Muitos adultos cometem este erro ao achar crianças estúpidas e inocentes. Muitas são perceptivas e veem tudo, apesar de talvez um pouco distorcidas e de não compreenderem totalmente a situação. Mas encarar uma criança como idiota é um erro comum.

O casal coloca os assuntos em dia e comentam sobre seus atuais parceiros se comparando, perguntando se é melhor ou pior que eles, se são felizes nesta vida, quais os planos pro futuro, curiosidade de ex-amor. A situação me lembrou bastante do filme Antes do Por do Sol que trabalha mais ou menos com a mesma situação, de um casal que já tem sua família conversando sobre suas vidas. E assim como o filme citado, o Um Filho Seu também deixa bem claro que os dois ainda se importam um com o outro e existe um amor ainda não soterrado totalmente.

O que achei muito impressionante é que seus atuais parceiros sabiam do encontro entre os dois, não era coisa escondida. Eles têm uma filha então um encontro é muito bem explicável, mas mesmo assim começa-se a surgir certo ciúme no ar, pois eles percebem a proximidade deles. É uma situação que eu não saberia como lidar se acontecesse comigo. Uma namorada se encontrando com o ex-namorado que ela ainda tem resquícios de amor.

Acho curiosa a situação onde as pessoas que tiveram relacionamento durante certo tempo continuam apenas amigas depois que tudo acaba. Comigo não funciona assim. Se o término do namoro foi ruim, não quero vê-la mais por causa da dor provocada. Se o término foi mais ou menos consensual e tranquilo, o amor ainda permanece ali e ainda existe uma chance de volta. Os reencontros são sempre oportunidades de revivê-lo. Quando revia uma namorada que o termino não foi definitivo e ainda tinha algum sentimento, a gente acabava se reaproximando e voltando a namorar.

Apesar de um começo promissor e uma sequencia de cenas muito boas, o filme começa a se arrastar depois do meio. Os olhares ao relógio são frequentes na espera do final do filme e ele não acaba, é interminável. Fiz questão de procurar o nome do diretor e do roteirista e fiquei surpreso de descobrir que se tratava de um homem. Eu tinha certeza que era uma mulher. Só uma mulher estenderia uma D.R. tanto assim. No final da sessão, na saída, ouvi gente comentando a mesma coisa que eu estava pensando: que o filme deveria ser menor, talvez pudessem cortar pelo menos uma hora de enrolação, ser mais objetivo. Apesar disto, foi legal.

sábado, 26 de outubro de 2013

A Praga

37ºMostra Internacional de Cinema São Paulo
2013 – Espanha

O filme espanhol tem duas histórias paralelas, uma com um lutador de luta Greco-romana que também trabalha para um agricultor numa lavoura, a outra é sobre uma enfermeira que trabalha em um centro que cuida de idosos. Esta parte, da enfermeira é bem mais interessante que o outro, pena que não foram mais avante no assunto, pois daria mais histórias.

Respeito profundamente estes profissionais que cuidam de idosos em asilos, são abnegados, com certeza estão purificando sua alma aqui na Terra e sairão fortalecidos desta vida. É um serviço dificílimo de executar todos os dias, eu mesmo acho que não conseguiria realizar coisa parecida. Sei que é um serviço como outro qualquer e que eles são pagos pra isto, mesmo assim ainda os respeito. Imagina aqueles que fazem isto em caráter de serviço comunitário então? São pessoas iluminadas.

Ela caminha por um longo caminho de terra pra chegar ao serviço e em uma dessas viagens consegue uma carona de um agricultor que achou, por acaso, uma velhinha com problemas de locomoção e necessitando de cuidados especiais. Esta enfermeira acaba ficando responsável por ela no instituto. Acho que a velhinha não é atriz, não a veremos em outro filme, ela tinha problemas reais no corpo. Deu até dó de vê-la no meio do campo tentando caminhar no chão de pedras. Acho que o diretor fez igual ao Cidade de Deus, pegou pessoas locais sem experiência com filmagem para fazer papéis no filme.

Esta visão do idoso me trás a reflexão de quão frágil a vida é. Quando jovens, não pensamos nas amarguras que teremos no futuro. Aposto que esta velhinha do filme quando mais nova era uma menina bonita e cheia de vida. Chegar num estágio como o que ela está me entristece um pouco. Ela não tinha família e estava vulnerável nas mãos de pessoas que queriam seu bem. E esta senhora ainda tem sorte por ter algum lugar decente pra ir ao contrário de muitos que sofrem ainda mais.

O filme tem alguns momentos emotivos como o fato das enfermeiras se apegarem aos seus pacientes. Imagina chegar um dia e descobrir que aquele senhor que você conversa e cuida morreu durante a noite? Ou mesmo ver as dores e as desesperanças deles no dia a dia sem poder fazer nada. As profissionais estão ali pra amenizar este sofrimento e tentar dar uma vida mais digna pra eles, dar amor, atenção coisas que parecem simples mas que eles não tem. As enfermeiras, quando dedicadas, são emissárias de Deus ali.

Nem tudo é tristeza claro. Existem muitos momentos felizes e engraçados. Não podemos ser também depressivos e ver apenas o lado ruim das coisas, mas ser realista com a situação em que se vive. A ideia é tentar ser feliz em qualquer situação. Se a vida der limões, fazer uma caipirinha.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Chaika

37ºMostra Internacional de Cinema São Paulo
2012 – Espanha/Geórgia/Rússia/França

“Somos Cazaques. Somos homens livres. Somos guerreiros. Somos a simplicidade do mundo e seu fim”.

Este é mais um daqueles filmes que te embarcam numa cultura diferente, num universo alternativo, dando a oportunidade de conhecermos a vida de outros seres que estão a milhares de léguas longe, pessoas que provavelmente nunca teremos a oportunidade de ver in loco. São coisas que o cinema nos proporciona, uma viagem de suas horas para um lugar diferente de nossas vidas cotidianas e percebemos que nossa vida não é nada, os problemas que enfrentamos no cotidiano não são nada.

Chaika é uma prostituta que trabalha fazendo programa em um navio cargueiro. O quão degradante isto é? Ela vai entrando naquela embarcação gigante, com pouca higiene e passa por um corredor estreito junto com suas colegas num corredor com vários homens daquela estirpe, prontas para o abate. Um pouco parecido com aquela cena do filme Bruna Surfistinha que me ela faz uma fila de caras todos podres pra comê-la. Ela acaba engravidando e sendo rejeitada num cais do porto. Um dos marinheiros gosta dela e decide acolhe-la neste momento de abandono, uma prostituta com filho.

Ela embarca nesta, desesperada, mas não imagina o quão longe o cara mora. Ele decide pegá-la do calor o Cazaquistão e levá-la para a casa de sua família no inverno eterno da Sibéria. O lugar é tão isolado que só o ambiente já seria de extrema dificuldade. Mas soma-se a isto a família do marinheiro que não é nada amistosa e deixam o ambiente mais carregado ainda. O clima de opressão é grande e ela se vê numa posição de prisioneira já que para sair dali sozinha é muito difícil devido ao terreno acidentado com clima terrível. Ela chega a pedir para seu companheiro para partir, mas a situação vai se prolongando. Lembrou-me muito do filme Casa de Areia, onde a Fernanda Torres se vê na mesma situação. Outro filme que explora o isolamento e a dificuldade de sair é A Massai Branca.

Se nós paramos pra pensar é uma metáfora para os problemas que enfrentamos na nossa vida. Passamos por situações aflitivas e opressoras no dia a dia, mas conseguimos seguir em frente, suportando uma carga de pressão em nossos ombros porque não sabemos como sair daquela posição. Não estamos contentes e temos vontade de sair. Mas da decisão de mudar e realmente por a mão na massa tem uma distância quilométrica. Muitos sonhos são adiados, muitas decisões não são tomadas esperando uma época ou situação melhor. No filme ela sempre adia a saída da Sibéria para o fim do inverno, ou quando seu companheiro decidir acompanhá-la, ou quando a mãe dele morrer. Sempre tem algo que a faz suportar a dor da situação para que no futuro consiga voltar ao seu país de origem.

Apesar da reflexão, sai do cinema um pouco deprimido. É um filme com imagens belíssimas do deserto do Cazaquistão e na inóspita Sibéria, mas com o retrato de uma vida que parece ser de outro planeta. Parece que é uma família vivendo em Marte.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Aventuras no Cine Livraria Cultura

O dia não estava bom, já havia algo no ar sem que eu soubesse. Fui assistir mais um filme da 37º Mostra de Cinema de São Paulo e peguei a sessão das 20h10min, que era a única que conseguiria assistir devido ao horário de saída do serviço. Após este, teria uma sessão às 22h concorridíssima que já estava esgotada, muita gente procurava a sessão seguinte, sem sucesso, e acabava se contentando em assistir o filme que eu veria. O filme das 22h pra mim não teria condições, senão não chegaria em casa por causa do transporte público que encerra à meia-noite.

Pra começar houve um atraso no início. Formaram uma fila gigante para a entrada, mas as portas não se abriam e a impaciência começou. Um filme que estava previsto o começo às 20h10min deve abrir as portas, no mínimo uns 10 ou 15 minutos antes pras pessoas poderem se acomodar decentemente, mas já era 20h15min e nada de entrarmos.

Na entrada havia certo alvoroço com a presença do Ney Matogrosso na sala de espera. Muita gente tirando fotos com ele que pacientemente conversava com as pessoas. Pensei que ele iria assistir à mesma sessão que estávamos entrando, mas depois de estar La dentro comentaram que ele veio apenas para prestigiar o filme exibido anteriormente, um documentário sobre sua vida. Então depois de nos acomodarmos, começa o filme e para a nossa surpresa é o filme do Ney Matogrosso. Ninguém entende nada e os organizadores entram correndo dizendo que foi um engano, que estavam exibindo o filme anterior. Acendem-se as luzes novamente e lá vem mais espera. Até que as pessoas se comportaram civilizadamente, alguns desistiram, mas a maioria ficou.

Acabei fazendo amizade com um pessoal por causa dos problemas. Uma mulher, animada com a mostra, mas desanimada com os problemas, comentou que atrasos estavam sendo uma constante nos filmes exibidos pela mostra, que era uma falta de preparo monumental. Um cara, que era estudante de cinema, disse que já tinha assistido 10 filmes e a mulher de Santo André, orgulhosa, disse ter visto 12. Eu só estava no meu terceiro e olhe que já achava muito. Ai começou a troca de conhecimentos cinematográficos e de dicas para outros filmes da mostra. Se não fosse por este grupinho o tempo de espera seria muito mais longo do que foi. Não sei se aguentaria tanto.

Percebi que a organização da mostra contratou muitos funcionários para a organização do evento, mas não preparou nenhum deles o suficiente para lidar com os problemas que eventualmente surgissem. Tinha, pelo menos, uns 7 funcionários que corriam de um lado para outro tentando solucionar o problema, um conversando com o cara da cabine, outro com um organizador, e o resto meio perdido na sala com um olhar meio desesperado para o público irritado sem nenhuma resposta a dar. Simplesmente não tinham uma explicação plausível de porque deu problema, e o mais importante: previsão de resolução. Isto se seria resolvido a tempo.

A mulher de Santo André relatou que foi numa sessão no shopping Frei Caneca em que os organizadores venderam mais ingressos que a sala comportava, fazendo as pessoas sentarem no chão. Achei um absurdo. Ela disse que tinha gente ligando para os bombeiros pra interditar a sala. O cara que estava conosco disse que também presenciou o evento e confirmou tudo o que ela disse. Não sei quem faz isso, se é a organização da mostra ou do Cinemark, mas é uma coisa básica. Lembramos que aquela sessão seguinte concorrida com ingressos esgotados estava sendo empurrada cada vez mais pra frente com o nosso atraso e imaginamos o caos que teria com aquele tanto de gente chegando pra ver um filme e este ser postergado, ou pior, cancelado.

Não entendíamos a demora da resolução. Não era só trocar os rolos? Será que se esqueceram de trazer para a cabine? Foram na casa do diretor, na Geórgia, pegar a fita? Somente às 21h10min, uma hora após o início previsto, a sessão finalmente começou. Uma hora pra troca de filme, talvez um recorde. Ou seja, tivemos uma sessão de uma hora de tela preta e um tempo desperdiçado. Mas finalmente vimos a película.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Guerra dos Beagles

Uma discussão louca está ocorrendo atualmente sobre o caso do protesto dos ativistas contra o Instituto Royal que estaria supostamente maltratando animais em testes científicos de produtos farmacêuticos. Cerca de 150 pessoas invadiram o instituto e libertou os 178 cachorros beagles. Tenho ouvido muita bobagem na mídia e principalmente dos usuários de redes sociais e pessoas com as quais eu interajo tanto online quanto pessoalmente. Se for perguntado, todo mundo apoia o ato. Ninguém quer ver um bichinho indefeso ser maltratado por gente, causa ojeriza só de imaginar tal ato covarde. Eu mesmo tenho um beagle em casa, comprado exatamente em São Roque há uns 2 anos.

Mas é pra se parar pra pensar sobre o instituto. Até onde eu li, ele não estava descumprindo nenhuma lei. O estudo de drogas e testes científicos está muito bem legislado e o uso de animais como cobaias é amplamente difundido, coisa normal no mundo inteiro. Claro que deve ter suas regras internas, mas no final é um animal sendo testado com drogas que podem causar grande dor e matá-lo. Tudo legal.

As pessoas podem se levantar e protestar e querer que esta situação mude. Não estamos mais na época da barbárie e somos seres teoricamente mais conscientes e sábios do que os nossos antepassados homens das cavernas. Então se podem propor novas leis onde estudo de animais para pesquisa seja proibido. Beleza. Mas acusar o instituto e ser uma organização maléfica que curte torturar animais em troca de dinheiro parece ser uma conclusão de crianças de 5 anos.

Este caso recebeu um apoio incondicional das pessoas e uma proporção enorme porque as vítimas são os beagles, animais bonitinhos e dóceis que todo mundo ama e quer proteger. Por que ninguém se revolta com os estudos em ratos que sempre houve? Muitos outros animais são usados para pesquisa como os coelhos, cachorros e os macacos, mais próximos do homem. Por que as pessoas acordaram agora para protestar contra este tipo de atividade. Porque são os pobres bichinhos de pelúcia vivos. Ninguém liga para os outros animais mais feios, mas com o mesmo direito à vida do que os outros.

Os produtos não são inventados do nada, não caem do céu. O processo de criação e aplicação é arcaico e é a base do testar para ver se funciona. Testa e ver se dá reação alérgica. Não tem como reproduzir muita coisa nos laboratórios e como é proibido fazer isto em humanos, eles tentam aplicar os testes nos animais mais parecidos conosco. Se as pessoas decidirem que é errado realizar esta atividade, é bom então aceitar a ideia que remédios e outros tipos de produtos não serão inventados com a mesma rapidez e eficiência que temos hoje em dia. Qualquer decisão que tome tem que abrir mão de alguma coisa. Hoje em dia é aceito testes em animais para que possamos ter nosso conforto. Amanhã podemos decidir que nosso conforto não justifica a tortura de animais. Será que as pessoas estão propensas a aceitar este novo mundo?

Digamos que os ativistas concordem comigo e decidam que não se devem ter animais, sem exceção, sejam testados, pois eles são seres de Deus que não merecem tal tratamento. Beleza. Mas e a questão dos carnívoros, daqueles que adoram brincar de Greenpeace, mas não deixam de fazer um churrasco no final de semana. Onde está o defensor dos animais agora? Para não cair na hipocrisia, um defensor dos animais deve ser obrigatoriamente vegetariano, senão suas palavras pra mim serão como o vento e não farão nenhum sentido. E os rodeios que temos todos os anos em Barretos, onde animais são brutalmente assassinados? Aposto que tem muita gente que está defendendo os beagles que vai todo ano pra Barretos fazer a festa com bastante churrasco.

Enfim. Acho que meu ponto está claro. Acho que este ato pode ter sido feito com boas intenções por pessoas sem a noção do que faziam. Foi um ato de vandalismo para com uma empresa que até onde sei estava em dia com suas atividades, sem descumprir nenhuma lei. É uma ação que tomou caráter político e está sendo usada pelos Black Bloc apenas como desculpa para novos atos de vandalismo. E agora que o negócio está fedendo, os ativistas estão sumindo. Já acharam alguns beagles soltos e perdidos na cidade, largados por gente que não quis cuidar. Bom, acho uma palhaçada só.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Circuito de Corridas Sesi – 4ºEtapa – São Paulo

Minha terceira corrida do ano e não estava programada. Resolvi corrê-la para incentivar meu irmão que está começando a participar de eventos como este, embora caminhando. Ele nos 5km e eu nos 10km. Já minha irmã foi vencida pela preguiça, pois esta atividade une as duas coisas que ela mais odeia: fazer exercícios e acordar cedo. Hoje, ainda mais, foi a mudança do horário de verão onde perdemos uma hora da noite de sono. Saindo de madrugada, à noite, apesar de fria, estava agradável. O trem, que eu temia atrasar, chegou rápido e a ida foi sem nenhum percalço. Apesar de minha prova só começar às 7h45, a do meu irmão começaria às 7h e eu queria chegar à largada para dar o apoio. Consegui encontrá-los faltando 15 minutos para a largada e lhe desejei boa prova.

Como é de praxe, teve o aquecimento pré-prova feito pelos organizadores, que consiste em preparar os músculos mais utilizados numa corrida. Em todas as provas que participei o roteiro foi mais ou menos igual. Mas a equipe contratada pela organização deve ter esquecido que correríamos 10km a seguir e fez um roteiro de aula de aeróbica. Tem alguns movimentos que eu até entendo dela pedir para o pessoal repetir como simular uma corrida parada levantando os joelhos e tal, mas ela passou quase meia hora pulando e pedindo para o pessoal repetir. Eu a segui até certo ponto até começar a suar, depois resolvi abandoná-la. Eu ia cansar antes de começar a prova. Se um gordinho estivesse participando da corrida para perder peso, nem precisava começar com esta pequena aula de academia que experimentamos. E ela dizia que estava acabando 10 minutos antes de realmente acabar.

Achei muito estranho ter duas largadas com uma diferença de 45 minutos cada. Será que teve muita inscrição e ficaria apertado? Em todas as provas que participei sempre se larga junto e em determinado ponto os corredores se separam para as suas respectivas distâncias. Então a avenida tinha uma separação, sendo um lado para os corredores e caminhantes que estivessem chegando e o outro lado par que estava largando nos 10k, o que estreitou muito e apertou os atletas que tiveram que trotar e caminhar em alguns momentos. Acho que meu tempo seria até um pouquinho melhor se não tivesse este congestionamento inicial. A Avenida Pacaembu sempre é interditada apenas de um lado, liberando o outro para o tráfego. Ao olhar para o lado percebi várias pessoas correndo na primeira faixa do outro lado e estranhei. Fiquei imaginando se eles interromperam uma faixa extra e me perguntei onde tinha esta sinalização. Mas acompanhando mais atentamente descobri, para meu assombro, que não tinha faixa extra nenhuma, eram loucos varridos que resolveram invadir a via trafegada apenas para correr mais rápido que os demais. É aquela velha pressa brasileira em que maus motoristas resolvem andar em acostamentos ou guiar em velocidades altíssimas se expondo ao perigo apenas para ganhar alguns minutos. Lamento que uma coisa dessas aconteça, pois pertenço à classe de corredores de rua e não quero que as pessoas pensem mal de nós por causa de gente irresponsável como esta. Depois acontece algum acidente e querem culpar e linchar os motoristas que não estavam descumprindo a lei coisa nenhuma.

O tempo estava perfeito para correr. Sem sol, com um ventinho frio para resfriar o corpo e nenhuma chuva. O dia, à tarde, fez um sol que castigou os demais, mas na hora da corrida ele nem apareceu. Provavelmente graças ao novo horário de verão, que tudo indica trará melhores condições de prova daqui por diante. Só é ruim para chegar às 7am.

Ao passar em baixo de uma via que dava acesso ao elevado, veio direto um cheiro de churrasco de frango nas minhas narinas, um terror para aqueles que estão querendo emagrecer. Sorte que estava bem alimentado e nem me perturbou (muito). Seguimos. À frente fizemos um contorno para subir no elevado e ao passar em cima do mesmo trecho novamente aquele cheiro de frango veio. Menos forte, mas veio. O que um cara estava fazendo comida tão cedo assim, às 8h! Só pra judiar dos pobres coitados. É tortura psicológica.

Em cima do elevado consegui manter a corrida no mesmo ritmo, sem forçar, o que já é um avanço pra mim que sempre me cansava neste trecho. Ao cruzar o km 5, metade da prova, olhei para meu relógio e marcava 28 minutos. Minha meta era fazer, no máximo, em 29 minutos para atingir um resultado final abaixo de 59 minutos. Estava bem e dentro do programado. Mas o cansaço começava a chegar e em certos momentos tive que dar uma caminhada para recuperar o fôlego. Nessas horas só pensava na chegada e do quanto estava desperdiçando de tempo. Eu teria que permanecer no mesmo ritmo da primeira metade se quisesse fazer um tempo melhor e essas constantes paradas me preocupavam. Mesmo assim prossegui. Ao voltar à Avenida Pacaembu, continuei no mesmo ritmo. Antigamente nesta parte eu mais andava que corria, mas hoje foi diferente.

Atingi um tempo final de 56:46, abaixando em quase 3 minutos o tempo anterior. Foi o que eu esperava, dentro o planejado. Feliz por mais uma conquista, mas ainda em busca de um tempo próximo há 50 minutos.

Outro ponto negativo foi a hora de retirar a mochila no guarda volumes. Uma desorganização completa. Já na chegada estranhei que as plaquinhas não estavam indicando a numeração do corredor, por exemplo, de 0 a 1.000, de 1.000 a 2.000. Mas achei que eles sabiam se organizar lá dentro. Quando fui retirar, vi o caos. Parecia a bolsa de valores com a galera gritando seus números para funcionários perdidos procurando sacolas lá dentro. Já imaginei o pior. Quando consegui a atenção de uma moça, ela rapidamente achou meus pertences, diferente do que acontecia com os outros.

domingo, 20 de outubro de 2013

Em nome de...

37ºMostra Internacional de Cinema São Paulo
2012 – Polônia

Um padre é transferido para uma pequena cidade no interior da Polônia para cuidar de jovens com problemas, mas com o decorrer do filme a história vai seguindo por outro caminho que eu comecei a suspeitar no início. Não tinha lido nenhuma resenha antes de ver o filme, foi o primeiro que vi em cartaz e decidi entrar. Achei o ator principal igual ao Graham Chapman, que faz o Brian de A Vida de Brian.

Algumas passagens do filme são curiosas. Um grupo de garotos, que o ele dá assistência, debate entre si da competência do padre em resolver os seus problemas e ser a solução. O padre, representante da igreja e de seus dogmas e crenças, ensina a ser uma pessoa boa e ter um comportamento X. Mas eles se perguntam como é que o padre sabe o que Deus quer. Realmente. É muito lógico da parte dos garotos já que ninguém na história deste Universo foi pro outro lado e voltou para nos contar o que se passa lá e o que Deus quer de nós. Todas as religiões e igrejas foram criações humanas que se dizem representadas por deuses. Então o que o tal padre sabe que nós não sabemos. No máximo ele pode ser uma boa pessoa e ensinar coisas realmente benéficas para o convívio social de um indivíduo, mas dizer que ele ensina coisas que Deus quer é muita pretensão.

Em outra parte da história, um dos garotos vai se confessar para o padre. A maioria das pessoas tem dificuldades de se abrir, de contar seus segredos e seus sentimentos mais íntimos para uma pessoa desconhecida e tem medo da resposta. O padre, neste momento, diz que a pessoa não está confessando seus pecados para o padre e sim para Deus. Quem está ouvindo naquele momento é Jesus Cristo. Neste momento geralmente a pessoa relaxa e exprime seus conflitos internos não vendo o padre como uma pessoa normal e sim um condutor para seu criador. É tudo muito bonito, mas pra mim esta história cai numa contradição. Se nós estamos falando direto pra Deus, porque precisamos de um cara com uma roupa preta pra ouvir. Eu posso falar com Ele em casa, sem a necessidade de uma religião. E quem é ele pra me perdoar ou me castigar?

Outro momento do filme é quando, em uma das confissões, um garoto espera que o padre dê um sermão e um castigo como rezar 300 terços. Mas a sentença é correr uma hora por dia. O garoto fica surpreso com esta resposta e o padre diz “correr também é oração”. Fiquei pensando sobre isto. Tem coisas que nos concentramos muito na vida que é como se fosse uma espécie de meditação, que só traz benefícios para o corpo e mente. Eu corro freqüentemente e vejo isto acontecer sempre, durante minha corrida tenho um milhão de pensamentos sobre a vida e deixo a mente se expandir. Depois da corrida parece que passei por uma terapia solo e saio cheio de idéias para minha vida. Deve acontecer com outras coisas como aquela senhora que fica tricotando o dia inteiro, ou aquele que está preparando uma comida ou fazendo algo que requer uma concentração. Na verdade estão todos num momento zen e em paz consigo mesmos. Ao sentenciá-lo correr uma hora, na verdade está dizendo pra pensar muito no que fez. Bom método.

A gente sempre relaciona um padre afetuoso com um pedófilo, pelo menos eu fiz esta conexão imediata. Mas a história não é tão forte assim, ela apenas fala de um padre que está em dúvidas de sua sexualidade. Em certo momento ele tem certeza de que é gay e fica extremamente depressivo com a situação, sendo obrigado a esconder seus verdadeiros sentimentos. Deve ser uma coisa terrível mesmo ser obrigado a viver e ser outra pessoa.

O filme acabou seguindo por um caminho diferente do que eu pensava. No final, ao receber a ficha para avaliação, anotei 3-bom. Uma nota mediana.

sábado, 19 de outubro de 2013

Alternativo contra pop

Fui numa noite de bandas alternativas semana passada, que tocou estilos diferentes como rock, ska e punk. Uma das bandas era muito boa e achei parecida com o Raimundos mais underground. Já a segunda banda era uma tentativa de ser mais comercial unindo outros instrumentos de sopro no rock e lembrou uma fase mais chata do Skank. Não podemos deixar de pensar que os músicos também querem ganhar dinheiro fazendo música própria sem covers.

Deve ser uma coisa muito difícil de fazer, tocar músicas próprias, desconhecidas, para uma plateia impaciente e ávida por sucessos. Mesmo que a música seja boa, normalmente a população comum não gosta muito de ouvir música que não conhece, muito menos vindo de um artista que ela nunca viu. Só quem é ávido por descobrir novos sons sendo feitos no momento ou daquele que simplesmente gosta de uma boa música independente de onde venha devem gostar. Confesso que eu não pago ingresso pra ver uma banda desconhecida assim do nada. Pra ar meu dinheiro, eu tenho que estar muito afim dever aquele show e não é o caso. Preciso conhecer a banda de antemão e saber se realmente quero vê-los ao vivo. Eu disponibilizarei tempo e dinheiro numa coisa que nunca vi, então preciso me preparar antes. É uma dica minha para as bandas iniciantes: Espalhem sua música pela internet. MP3 de graça e vídeos no youtube. Quando mais conhecida uma banda se torna, mais interesse proporcionará e ai sim pode gerar nas pessoas interesse em acompanhá-los. Venda de cd é passado. Esqueça ganhar dinheiro com venda da sua música, pelo menos no princípio. Concentre-se em fazer shows.

Eu estava curtindo a banda quando o baixista, entre uma música e outra, solta a seguinte frase: “Obrigado a todos pela presença. É muito bom ver gente que apoia as bandas iniciantes e não fica na modinha do show do Black Sabbath”. Senti-me um pouco atingido nesta hora por ter ido ao show citado, mas nem um pouco culpado já que estava ali também assistindo o show deles. É como aquela frase “uma coisa é uma coisa e a outra coisa é a outra coisa”. São dois shows de rock sim, mas com graus de importância diferentes. Até entendo a frustração deles de ver um show mais famoso tomar lugar e atrair mais público de o deles, mas não dá pra culpar o rico, o mais famoso pelos seus próprios problemas. Fazendo uma analogia, é a mesma coisa do pobre culpar e desprezar o rico por ser rico. Caráter não é medido por classe social. E som bom não é sinônimo de popularidade e de quantidade de ingressos vendidos. Luan Santana lota show todo dia e é uma bosta, em minha opinião, claro.

Sei que existe muito moleque que foi ao show do Sabbath porque é moda, porque curte metal e disseram que uma banda gringa tava vindo pro Brasil e pagou o ingresso com carteirinha de estudante e foi bater cabeça lá na pista. Eu fui porque eles são os pais do meu estilo preferido de música, os criadores. E provavelmente é a última vez que vejo ao vivo já que os integrantes devem ter quase setenta anos. Era uma oportunidade única para acompanhá-los ao vivo e era uma situação totalmente diferente esta banda iniciante que faria um show de graça para promover suas composições pessoais.

Claro que não tinha nem 0,1% das pessoas que foram ver o show mainstream ali. Devia ter, no máximo, umas 50 pessoas acompanhando o som deles. Não é apenas culpa da banda. O evento é muito mal divulgado e eu que costumo procurar coisas boas pra ir só descobri que aconteceria o evento uns dois dias de antecedência. O Black Sabbath eu se que vai acontecer o show desde o início do ano. Outra dica para iniciantes: faça um site com informações da banda, histórico, arquivos de música, vídeos, e principalmente agenda de shows. Coloque o máximo de detalhes. Eu procurei saber um pouco sobre a banda e não achava nada na rede. Assim não dá pra culpar o público de não ter prestigiado este momento.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Black Sabbath – Bastidores

Sai do serviço mais cedo, claro depois de ter avisado minha chefe com umas duas semanas de antecedência. A ideia era chegar o quanto antes pra pegar um lugar o mais próximo do palco e sem muvuca, tranquilo e sem correria. Encontrei meu amigo, parceiro de shows, e seguimos pelo metrô. No jornal do dia era orientado que o público descesse na estação Santana, mas era uma burrice fazer isto já que a estação Carandiru era bem mais perto do Campo de Marte. Os organizadores devem ter divulgado Santana pra dividir os fãs em duas estações, mas os mais ligados desceram realmente no Carandiru.

Gente de preto que não acabava mais. Da estação saia aquele grupo de corvos em manada atravessando a Avenida Cruzeiro do Sul forçando o transito parar, mesmo não havendo semáforo ou faixa e pedestre. Na rua que liga ao Campo de Marte existiam diversos vendedores ambulantes com bebidas e camisetas, como de praxe. Mas o que me surpreendeu foi a qualidade da venda. Era só cerveja Heineken, Budweiser e Stella Artois. Em evento povão, geralmente vemos Schin, Brahma e Skol no máximo. Será que eles pensaram que num show do Sabbath teria gente com um gosto mais refinado? Comprei umas Stellas só pra marcar presença, mas já seguimos pro evento. Vontade de ir ao banheiro no meio do show não dá né, principalmente um desse tipo.

Enquanto degustávamos a cerveja apareceu um colombiano do nada que disse ter vindo ao Brasil apenas para assistir o show e estava vendendo cartões da banda pra ajudá-lo a voltar pra casa. Argumento de venda que pode ou não ser verdade, mas não estava com a mínima vontade de gastar dinheiro com aquilo e recusamos apesar da insistência. Vimos sair resmungando e resolvemos nos dirigir direto pra entrada. Outra coisa idiota, que irrita muito e quase sempre acontece em shows de rock e entrada de estádio de futebol é a colocação de grades obrigando a formar uma fila bem longe da entrada. Até entendo o motivo, pra não virar muvuca e atrapalhar o transito, mas é frustrante estar a apenas alguns passos e sermos obrigados a deslocar uns 200 metros à esquerda e voltar só pra seguir o sentido da fila. Estava bem tranquilo no horário que cheguei, sem qualquer problema.

O Campo de Marte é um lugar bem aberto e bom para se ter um show com grande quantidade de gente. Os banheiros ficavam logo no começo da entrada. Gostei porque eram bem amplos e rápidos de usar, feitos para não perder tempo. Ponto positivo. O negativo é que este era o único em todo o local e ficava bem longe do palco. Se a gente quisesse voltar, tinha que perder metade do show só pra isto. Não ingeri mais nenhum líquido a partir deste momento só pra não ter que voltar.

Comida dentro era um absurdo de caro, claro. Copo de cerveja R$8,00. Um cone de batata frita saia por R$12,00. Tinha um gordão do meu lado que deve ter pegado uns 3 desses fora várias cervejas. Se ele tinha tanta grana assim, me pergunto por que não economizou e comprou uma entrada vip? Enfim. Apesar de grande ele era cercado de grades de contenção, nos obrigando a dar uma puta volta do espaço só pra chegar mais próximo no local. No meio era mais cheio e nos cantos mais vazios. Então nos posicionamos do lado direito e colado numa grade. Parecia o local perfeito, mas a noite seria longa. Os telões espalhados pelo local tinham uma imagem perfeita, muito nítida. Sem dúvida HD. A visão do palco também era muito boa, diferente da que eu tinha experimentado no show do Ozzy no estacionamento do Anhembi.

Sempre antes desses eventos os organizadores costumam tocar umas músicas de rock pra tornar o ambiente mais parecido com o que vamos enfrentar. Em outros shows que fui, ouvi bandas de todo tipo e Metallica é sempre bem recebido pelo público. Neste dia eles escolheram umas músicas do AC/DC. Foi ótimo. O problema é que parece terem trazido apenas UM cd. Então ficávamos ouvindo as mesmas músicas em um loop infinito sem parar. Comecei a ficar com raiva de ouvir pela décima vez Back in Black, Whole Lotta Rosie ou Highway to Hell. Custava terem trazido mais alguns CDs de outras bandas ou ligarem na KissFm ou 89Fm?

Além da música de fundo de vez em quando eles ligavam o telão pra passar um vídeo promocional do evento. Assim que ligavam as luzes a galera já se agitava pensando ser o início das atividades da noite, mas faltavam ainda algumas horas até o primeiro show do Megadeth. Novatos! No vídeo eles apresentavam os locais de saída de emergência (que estavam todos fechados quando passei do lado), banheiros na puta que pariu e 500 bares caros espalhados em todo o lugar (isto eles não economizaram). Ai começou as propagandas. Passaram tantas vezes este maldito vídeo que o público começou a ficar com raiva dos anunciantes. Será que a Sky não se tocou que bandinhas pop/teen em um comercial sendo exibidas para um público que curte metal não é uma boa publicidade? Se eu estou no departamento de marketing deles, diria na hora pra contratarem o Sepultura pra mostrar sua marca e usar a propaganda neste evento. Mas não. Então começaram as zoeiras. Um cara gritava pra todo mundo ouvir que a Sky era uma bosta e quem todo mundo assinasse a Net. Era só começar a propaganda de novo pro público dar aquele “ahhhhh não” de desespero e tristeza. Tenho certeza que depois daquela noite muita gente saiu odiando a Sky.

Uma parte boa do evento foi a antecipação das bandas. O Megadeth entrou com alguns minutos de antecedência e o Black Sabbath entrou meia hora antes. O show terminou as 23h, possibilitando que o público conseguisse pegar o metrô. Eu já fui preparado pra sair depois da meia noite, como sempre acontece nesses eventos. A saída do local foi muito mal planejada. Ficou claro que eles pensaram bem na chegada, mas esqueceram da saída. Eram 77 mil pessoas saindo em um funil, já que a porta de saída era de apenas alguns metros. Depois que o público deixava o local, caia imediatamente na av. Santos Dumont. Imagina o mar (não, o tsunami) de gente invadindo a avenida e as ruas adjacentes. Deu até do dos carros ilhados no meio do público. Eles devem ter passado muito tempo ali. Imagina toda essa galera indo para o metro mais próximo, o do Carandiru? Travou, claro. Impossível e entrar. Resolvemos andar até o próximo. Levou pelo menos meia hora, mas conseguimos finalmente chegar. Estava tranquilo e fácil. Se houvesse um pouco mais de organização, todos tinham conseguido embarcar com tranquilidade. Por causa desta caminhada noturna pegamos o último trem que saia da estação Luz e fomos direto pra casa desmaiar, depois de 6 horas de pé e pulando.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Black Sabbath - São Paulo - 11/10/2013

Nunca imaginei que estaria escrevendo estas linhas já que achava impossível assistir a este show histórico, com a reunião da banda original do Black Sabbath, pai do metal. Eu sei que o baterista Bill Ward não veio, mas só de ter o frontline com o trio original já vale qualquer ingresso. É uma coisa que podemos colocar naquele caderninho de conquistas que temos na vida: presenciar uma apresentação do Black Sabbath: Checked. Aliás, tenho na mesma lista de desejos a ida a um show do Heaven’n’Hell, banda que Tony Iommi formou com a formação do Black Sabbath com o Dio, logo tenho o conjunto completo de Ozzy + Dio. É um capítulo da minha vida já preenchido e me sinto grato aos céus por esta oportunidade.

A banda, seguindo o exemplo que deu em Porto Alegre, entrou com quase meia hora de antecedência do horário marcado. Acho que foram acordar o Ozzy, que estava descansando ai o bicho acordou animadão, cheirou uma carreira e correu pro palco. Do jeito que ele se animou e agitou a galera, nem parecia que tinha 64 anos. A banda toda estava em boa forma, com muita vontade de tocar pra gente. É difícil dizer, mas acho que o público sente esta energia vinda do palco. Eu senti que eles estavam dando tudo de si ali. Sei que é profissionalismo e estavam sendo muito bem pagos para tocar pra gente, mas eu percebi uma entrega de todos os integrantes em fornecer um show digno do nome Black Sabbath e acho que isto foi entregue com maestria.

O começo com War Pigs não poderia ter sido melhor. Só o primeiro acorde grave da guitarra do Iommi já fez o chão tremer e dar aquele frio na barriga. O som estava excelente, acho que usaram o coitado do Megadeth pra ficar ajustando as caixas acústicas. Ao subir as cortinas aparece o Ozzy malucão como sempre e a banda em formação clássica do jeito que a gente sempre sonhou vendo os shows de 1968. Viajei no tempo naquele momento e juro que vi a mesma banda dos primórdios de quando eram apenas garotos de Birmingham tentando fazer um som diferente pra época e com letras obscuras. Quem diria que mais de 50 anos eles estariam repetindo as mesmas músicas pra 77 mil paulistas ensandecidos.

Juro que eu tentei gravar alguma coisa pra ficar pra posteridade. Mas isto se tornou praticamente impossível não só porque o povo ficava empurrando e pulando, coisa que atrapalhava a gravação e tinha o perigo de derrubar meu celular e o mesmo ser pisoteado e perdido pra sempre, mas porque eu também queria aproveitar o show da melhor forma. Depois de War Pigs eu resolvi gravar a música seguinte. Mas qual foi minha surpresa quando Iommi começou o riff de Into the Void mais lento do que o normal fazendo o som reverberar nas gigantes caixas acústicas. Acho que se tivesse um copo de vidro ali ele tinha se quebrado imediatamente. Na hora desliguei meu celular e entrei em estado de completa hipnose e não acreditando no que estava vendo. Into the Void é minha música preferida da banda principalmente por seus riffs fantásticos que espero em um futuro não muito longe estar tocando em minha guitarra ainda não comprada. A música foi tocada a perfeição do jeito que eu queria e sonhava.

Era muito engraçado o Ozzy colocando a mão no ouvido gritando para o pessoal “I can’t hear you”. A galera grita e ele diz “louder”. Mais gritos. E ele repete “louder” umas 10 vezes. Acho que eu sai rouco e com uma dor de garganta forte, fora a dor nas costas de ter ficado praticamente 6 horas de pé, pulando e lutando contra o empurra empurra. Os telões passavam imagens que faziam relações com as músicas tocadas e o set list se baseou nos primeiros quatro discos, coisa que todo fã quer.

Depois de Under the Sun eles tocaram Snowblid, outra música que junto de Into the Void tem riffs fortes e pesados, que embarcamos direto no clima da música. Sabbath é isso, é aquele peso da guitarra com um riff poderoso e constante, deixando o corpo ser levado no ritmo da melodia e a mente coletiva das pessoas entrarem na mesma sintonia das batidas da bateria e do baixo, com a voz cortante e aguda do Ozzy pra dar aquela quebrada necessária na gravidade do som.

Já as músicas do Thirteen, novo disco da banda se encaixaram perfeitamente nas músicas antigas. Quando saiu, eu ouvi uma vez pra matar a curiosidade, mas não ouvi mais. Só peguei para ouvi-lo com cuidado recentemente e percebi que elas têm muita qualidade, chegando a ser tão bom quanto à primeira fase da banda dos anos 70. Age of Reason e principalmente End of the Beginning tem tudo o que o Sabbath sempre fez de melhor e não decepciona os fãs. Normalmente quando tem show de bandas bem conhecidas com músicas já fixadas na mente, este momento do show onde apresentam o novo material é sempre o mais chato e entediante, a barrida do evento. Mas neste caso eu encarei com mais um clássico da banda, este disco já nasceu clássico em minha opinião. É só ouvir os acordes lentos de End of the Beginning pra saber o que eu estou falando, quem conhece a banda e curte não pode dizer que aquele peso não é próprio deles, já nasceu com eles.

Na música Behind the Walls of Sleep jogaram umas luzes coloridas no fundo do palco fazendo o cenário lembrar muito aqueles efeitos toscos dos clipes da banda em Paranoid e Iron Man, novamente nos transportando ao passado e ao que a banda sempre foi. Os primeiros acordes de N.I.B. executados a maestria por Geezer Butler prenunciaram mais um clássico que não poderia deixar de tocar, uma das obrigações da banda em um show recheado de clássicos. Aliás, em matéria de performance ninguém deveu nada, todos tocaram e fizeram performances memoráveis.

Uma das minhas interrogações era o baterista que eu não conhecia. Bill Ward, original, não embarcou no reunion. O Brad Wilk, do Rage Against the Machine gravou o último disco, mas não veio nesta turnê. Então chamaram o Tommy Clufetos, que faz parte da banda do Ozzy. A performance dele é fantástica, digna dos grandes bateristas de metal. Chamou-me a atenção desde a primeira música tocada, do jeito que ele tocava com energia. Existem shows em que o baterista fica praticamente escondido atrás do instrumento e a gente só imagina que ele está lá tocando. Mas neste caso a bateria era bem aberta e visível e dava pra conferir cada batida que ele dava. Toda a estrutura era simples, como se fosse um show há 50 anos, apenas com os instrumentos e com os integrantes em sua posição.

O momento mais forte e especial da noite foi a execução da música Black Sabbath. É indescritível a sensação que deu, só estando lá pra saber. Todas as luzes se apagaram e ficou apenas o símbolo em vermelho, com aquele barulho de chuva no fundo. Eu até desejei que chovesse naquele momento pra deixar o clima perfeito. Então diferente das outras músicas onde apareciam imagens aleatórias, neste caso apareceu apenas o logo da banda parecido com o do disco Master of Reality só que meio embaçado. Naquele momento eu tive certeza de ter viajado no tempo. Os acordes da guitarra eram seguidos em coro por todo o público quase como numa missa satânica, todos sabem que a letra fala sobre o demônio, mas é apenas uma letra e não tem nada a ver com a filosofia da banda. E a risadinha maléfica do Ozzy? Foi um momento muito especial. E eles não precisam nem de fumaça de gelo seco nem de pinturas no rosto ou de fantasias pra dar aquele peso no ambiente.

Tem coisas que ganham o público. O Ozzy é carismático e acho que as coisas que ele faz são genuínas e não é pensado. Que ele tem o cérebro fritado assim como o Keith Richards todo mundo sabe, então alguns comportamentos dele com ficar com aquela cara de perdido e sem saber o que fazer enquanto o Iommi está fazendo um solo já são esperadas e compreendidas, e até um pouco engraçadas, mas nada ridículo. Em outro solo de guitarra ele literalmente se ajoelhou e reverenciou ao colega Tony e ao Butler. Só isso já joga todo o público pro seu lado. Fora as interações com o público que são muito engraçadas. E logo após a música God is Dead ele diz God bless you all. Mais louco que isso impossível.

Paranoid veio pra coroar a noite. Antes eles deram uma palhinha do riff de Sabbath Bloddy Sabbath, talvez a única grande falta no repertório da noite e que merecia ser tocada na íntegra. Mas também se fossem incluir as que faltaram o show ia ter 5 horas. Só de ter durado 2 horas eu já fico feliz, pois os vovôs agüentaram firmes durante toda a performance.

Checked!