segunda-feira, 8 de abril de 2013

Bebida ao volante

Ás vezes somos falsos moralistas e criticamos os outros quando deveríamos olhar para os próprios pés. Não quer dizer que não devemos cobrar os outros a fazer o certo, mas temos que dar o exemplo acima de tudo. Acho um absurdo as pessoas andarem bêbadas com os carros com o perigo de matarem inocentes nas ruas. Vários amigos ficam olhando seus celulares e checando os pontos de fiscalização antes de saírem do bar. Critico, mas eu confesso que no passado já sai de uma balada alcoolizado. Nunca mais fiz isto, mas no dia até teve uma explicação.

Eu estava saindo há pouco tempo com uma moça e tínhamos começado a namorar naquela época. A sua família era bem conservadora e protetora e não gostava que ela se envolvesse com qualquer um. Eu teria um dia um encontro tenso com eles e fui aprovado, mas antes passei por outro teste de ferro, a imã dela. Marcamos de ir numa casa noturna e convidamos sua irmã para ir conosco. Minha namorada já tinha me alertado que ela era um pouco severa, mas fui preparado pra ser a pessoa mais agradável possível, tentando fazê-la se sentir bem e me achar um cara legal.

Ela era esnobe e dizia ter um namorado riquíssimo que só ia a lugares finos e não com a nossa gentalha. Ela era lindíssima, mas olhava para as pessoas como se elas fossem insetos a serem esmagados. Ignorei tudo isso e a tratei como a minha melhor amiga, como se fossemos irmãos. Quando a conheci, ela esticou a mão como se fosse cumprimentar uma ratazana, meio com nojo. Ignorei sua mão e a abracei dando um beijo no rosto. Eu queria quebrar aquela tensão e fazer um tratamento mais próximo entre nós, sem falso formalismo, pelo menos da minha parte.

A balada tinha uma consumação mínima que na época dava pra beber uns 7 chopps. Chegamos ao lugar umas 22h e perguntei para minha namorada a que horas elas estavam planejando ir embora. Ela disse que umas 4h ou 5h. Então pensei: “Se eu beber até á meia noite, até as 5h já vai ter saído do corpo e não terei problemas em dirigir”. Assim que chegamos comecei a entornar o caneco e curtir o local com as duas. Acho que bebi os 7 chopps até umas 23h30 e pensei: “pronto, to legal, agora não vou mais tocar em nenhuma bebida até o final”.

Quando deu meia noite a minha namorada vira pra mim e me diz: “Minha irmã quer ir embora agora”. Pensei: “fudeu”. Tudo o que planejei não deu certo. Tentei argumentar com minha namorada pra convencê-a a ficar um pouco mais, mas ela foi irredutível. Então saímos do lugar e eu estava bem preocupado já que tinha acabado de virar 7 copos. Fiquei respirando fundo e tentando me localizar. Quando chegamos ao estacionamento, cadê a chave do carro? Não achava de jeito nenhum! Procurei em todos os bolsos. Eu devia estar muito ruim mesmo. Mas de repente achei em um bolso secreto na minha jaqueta que eu devia ter posto lá por ser mais seguro. Quando saímos com o carro fui virando na contra mão! Meu Deus, da vergonha só de lembrar. Tiveram que me avisar a direção correta da via.

Apesar deste início incerto, o resto do caminho até a casa delas foi normal, sem nenhum incidente. Acho que este choque inicial fez meu fígado quebrar toda a glicose no sangue e me tornou sóbrio rapidamente. Desovei as duas na casa delas sem muito entusiasmo por ter minha balada repentinamente destruída e fui pra casa. Dirigi bêbado! Quem sou eu pra reclamar dos outros? Mas desde então nunca mais repeti o meu erro e já faz 10 anos do fato. Acho que eu posso sim reclamar do pessoal que bebe e não está nem ai pra isto.

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