domingo, 20 de outubro de 2013

Em nome de...

37ºMostra Internacional de Cinema São Paulo
2012 – Polônia

Um padre é transferido para uma pequena cidade no interior da Polônia para cuidar de jovens com problemas, mas com o decorrer do filme a história vai seguindo por outro caminho que eu comecei a suspeitar no início. Não tinha lido nenhuma resenha antes de ver o filme, foi o primeiro que vi em cartaz e decidi entrar. Achei o ator principal igual ao Graham Chapman, que faz o Brian de A Vida de Brian.

Algumas passagens do filme são curiosas. Um grupo de garotos, que o ele dá assistência, debate entre si da competência do padre em resolver os seus problemas e ser a solução. O padre, representante da igreja e de seus dogmas e crenças, ensina a ser uma pessoa boa e ter um comportamento X. Mas eles se perguntam como é que o padre sabe o que Deus quer. Realmente. É muito lógico da parte dos garotos já que ninguém na história deste Universo foi pro outro lado e voltou para nos contar o que se passa lá e o que Deus quer de nós. Todas as religiões e igrejas foram criações humanas que se dizem representadas por deuses. Então o que o tal padre sabe que nós não sabemos. No máximo ele pode ser uma boa pessoa e ensinar coisas realmente benéficas para o convívio social de um indivíduo, mas dizer que ele ensina coisas que Deus quer é muita pretensão.

Em outra parte da história, um dos garotos vai se confessar para o padre. A maioria das pessoas tem dificuldades de se abrir, de contar seus segredos e seus sentimentos mais íntimos para uma pessoa desconhecida e tem medo da resposta. O padre, neste momento, diz que a pessoa não está confessando seus pecados para o padre e sim para Deus. Quem está ouvindo naquele momento é Jesus Cristo. Neste momento geralmente a pessoa relaxa e exprime seus conflitos internos não vendo o padre como uma pessoa normal e sim um condutor para seu criador. É tudo muito bonito, mas pra mim esta história cai numa contradição. Se nós estamos falando direto pra Deus, porque precisamos de um cara com uma roupa preta pra ouvir. Eu posso falar com Ele em casa, sem a necessidade de uma religião. E quem é ele pra me perdoar ou me castigar?

Outro momento do filme é quando, em uma das confissões, um garoto espera que o padre dê um sermão e um castigo como rezar 300 terços. Mas a sentença é correr uma hora por dia. O garoto fica surpreso com esta resposta e o padre diz “correr também é oração”. Fiquei pensando sobre isto. Tem coisas que nos concentramos muito na vida que é como se fosse uma espécie de meditação, que só traz benefícios para o corpo e mente. Eu corro freqüentemente e vejo isto acontecer sempre, durante minha corrida tenho um milhão de pensamentos sobre a vida e deixo a mente se expandir. Depois da corrida parece que passei por uma terapia solo e saio cheio de idéias para minha vida. Deve acontecer com outras coisas como aquela senhora que fica tricotando o dia inteiro, ou aquele que está preparando uma comida ou fazendo algo que requer uma concentração. Na verdade estão todos num momento zen e em paz consigo mesmos. Ao sentenciá-lo correr uma hora, na verdade está dizendo pra pensar muito no que fez. Bom método.

A gente sempre relaciona um padre afetuoso com um pedófilo, pelo menos eu fiz esta conexão imediata. Mas a história não é tão forte assim, ela apenas fala de um padre que está em dúvidas de sua sexualidade. Em certo momento ele tem certeza de que é gay e fica extremamente depressivo com a situação, sendo obrigado a esconder seus verdadeiros sentimentos. Deve ser uma coisa terrível mesmo ser obrigado a viver e ser outra pessoa.

O filme acabou seguindo por um caminho diferente do que eu pensava. No final, ao receber a ficha para avaliação, anotei 3-bom. Uma nota mediana.

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