sábado, 11 de janeiro de 2014

Bicicleta na periferia

Sonhei que estava andando de bicicleta em um bairro um pouco perigoso, casas feias, gente esquisita, mas não me importava. De vez em quando eu pensei estar em perigo de ser assaltado, mas continuei pedalando e ouvindo música no celular no bolso. Pensei estar fazendo alguma besteira por estar carregando coisas desnecessárias e caras por ai, dando mole para o azar, mas de alguma forma neste início de sonho parecia ser uma coisa secundária.

Cheguei a um cruzamento e eu procurava um caminho para voltar a uma região mais conhecida, mais no centro de São Paulo ou jardins, algo que eu conhecesse melhor. Ali não sabia nem em que bairro estava ou que rua era. Era uma avenida e na placa acima indicava que depois do semáforo, se virasse à esquerda, iria sentido av.Paulista. Empolguei-me e virei logo em seguida, mas a rua era uma ladeira bem íngreme. Consegui pedalar metade, mas não consegui prosseguir, como se houvesse uma barreira em impedindo de passar. Na vida real se eu me cansasse, era só descer e empurrar até ficar plano de novo, ou mesmo mudar a marcha. Mas ali eu não conseguia prosseguir. Parecia um daqueles caminhos proibidos do filme Show de Truman, que eles inventavam algo para que o personagem principal não continuasse por ali.

Como não consegui subir a ladeira, retornei ao cruzamento e na esquina da avenida, na porta de um barraco bem feio aparece o Renan me chamando. Ele ficou feliz ao me ver e me convidou a entrar em sua casa. Fiquei conversando com ele um pouco, dizendo que não consegui subir a ladeira e voltar à av.Paulista. Depois de um tempo resolvi sair dali. Ele me perguntou o que eu faria já que não conseguia ir naquele caminho e eu respondi que não me importava. Continuaria a pedalar naquela avenida na qual estávamos e que lá na frente talvez encontrasse outra placa com uma rota alternativa. Ele desejou sorte e nos despedimos.

A cada rua que passava, mais perdido me encontrava. As casas iam se sucedendo, as ruas iam ficando parecidas e as placas só indicavam lugares que eu nunca havia estado. O medo de ser assaltado ou de que algo acontecesse começou a aumentar. Eu procurava coisas erradas e olhava ao redor para me certificar que não estava sendo alvo de bandidos. Nada via, mas o sentimento que tinha gente me perseguindo foi aumentando. Ceguei a conclusão de que pelo menos três indivíduos estavam atrás de mim.

No auge da mania de perseguição, minha visão foi sumindo, o mundo foi ficando cada vez mais escuro até que eu não enxergava um palmo na frente do nariz. Situação surreal. Por algum motivo eu não estranhei o fato e continuava fugindo dos meus perseguidores. Como estava escuro pra mim, estaria para eles também. Então eu tentei me esconder, me encostar em uma parede ou atrás de uma caçamba de lixo, o que fosse para que não me vissem. Naquele momento só o tato me denunciaria já que a visão estava cancelada. Foi muito parecido com o filme Ensaio sobre a Cegueira.

Certo momento encostei-me a um carro e esperei a passagem dessas três almas do mal. Senti-oseles passando bem próximo de mim e não me achando. Continuei naquele local e sentia que havia mais gente próxima de mim. Não sabia se eles eram bandidos ou outra pessoa. Aos poucos a claridade foi voltando e minha capacidade de enxergar melhorou. Quando minha visão se restabeleceu, descobri que o carro ao qual estava encostado era uma viatura da polícia. E que na parte de trás do carro estavam três policiais vestidos a caráter, parados me olhando com aquela cara de “precisa de ajuda?”. Era como se a salvação tivesse caído do céu no meu colo. O curioso é que depois eu ouvi conversas de que tínhamos passado por um evento científico único, um tipo de eclipse mais hardcore que apagava até as luzes artificiais, sei lá. Parece meu cérebro lógico tentando dar uma explicação plausível para um evento fantasioso da minha mente.

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