quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sonhos de Robô

Sempre fui fã e Asimov desde pequeno, quando li Eu Robô. E desde então sabia que ele era conhecido por ser o escritor com mais gabarito para falar de robôs. Mas ele não escreve apenas sobre isto. Li também a série Lucky Starr onde ele escreve romances sobre um patrulheiro estelar que junto com um marciano passa por vários problemas. Li também um livro chamado Os viúvos negros, coisa totalmente fora da área da ficção científica, pelo qual é conhecido, onde discute problemas existenciais com um grupo de idosos intelectuais, também excelente. Na verdade até hoje nunca li nada dele que não fosse excepcional.

Após muitos anos sem rever sua obra, resolvi pegar o “Sonhos de Robô”, na área mais própria. Inicialmente não sabia, mas também é um livro de contos. Diferente do que eu pensava, os contos não são apenas sobre os Robôs, mas existem outras histórias excelentes sobre ficção científica ou pensamentos sobre a vida. Selecionei alguns dos melhores para comentar.

Sobre robôs: O pequeno robô desaparecido e Sonhos de Robô. O Asimov foi o criados das 3 leis básicas da robótica onde limita a liberdade de ação deles, mas em suas histórias o autor usa de artimanhas para dobrar a lógica comum e colocar o robô em conflito com suas diretrizes. É um exercício maravilhoso tentar raciocinar com o protagonista em como resolver as equações propostas e burlar o problema das leis.

Apesar de serem contos que podem ser lidos independentes dos outros, as histórias pertencem a um mesmo universo, que são geridos pelos mesmos personagens e ambientes e se prestar atenção existe uma cronologia de fundo. Algumas coisas aparecem em mais de um conto como a doutora Susan Calvin, uma robopsicóloga e o computador central Multivac, uma clara referência ao que se tornaria a internet nos dias de hoje. Asimov foi um visionário, prevendo muita coisa que acontece hoje e que tende a acontecer no futuro não muito distante.

Já o que mais me impressionou foi a qualidade dos textos que não se trataram sobre robôs. Toda excelente ficção científica tem uma discussão sociológica profunda de background, por exemplo:

Os incubadores – Sobre um cientista tão inteligente e acima do pensamento dos outros que não vê mais sentido numa vida sem desafios.
A Hospedeira - Discute coisas como a morte por inibição e o advento de uma raça parasita sem que saibamos da existência.
O Fura-greves - Conto que faria funcionários públicos grevistas adorarem e que também discute sobre preconceito.
Verso de luz - Também fala sobre preconceito e de como cada um de nós somos perfeitos nas nossas imperfeições. É Deus que nos cria assim e cada característica que nos define faz parte de nossa personalidade e são coisas valiosas.
O garotinho feio - Sobre a nossa responsabilidade com os experimentos científicos quando envolve outros seres. Hoje em dia pode-se fazer um paralelo com o caso dos Beagles e dos ratos de laboratório de São Roque.
Democracia eletrônica - Uma interessante idéia de como uma eleição poderia ser realizada quando não se puderem consultar os eleitores.
A mulher da minha vida - E se um computador pudesse escolher a mulher perfeita pra gente?

Mas os melhores contos são sobre assuntos existenciais. Asimov era ateu, como todo com cientista, mas pensava sobre a vida após a morte e o sentido da vida. Ele escreveu histórias excelentes como as seguintes:

O que os olhos vêem – Como seria a vida daqui a milhões de anos quando a nossa consciência for mais importante do que o corpo físico. De certa forma ele fala sobre quando o ser humano se tornar espírito.
A última pergunta – Quando o planeta Terra estiver se extinguindo e a entropia começar a fazer efeito no Universo.
A última resposta – O melhor texto que já li dele. Uma pessoa morre e se encontra com um ser do outro lado da vida que lhe explica o que existe no além.

Asimov é obrigatório.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Evento de quase-violência no trem

Sou usuário do trem diariamente para me locomover do meu bairro para o centro da cidade em São Paulo. Mesmo saindo em um horário um pouco melhor da hora do rush, ainda sim enfrento desconforto e problemas nas viagens. Mas vivenciei uma situação incomum e resolvi relatar aqui para conhecimento público.

Para aqueles que não utilizam este meio de transporte, deve ser difícil imaginar ou visualizar a situação que vou descrever, mas é comum ao trem chegar e os passageiros entrarem correndo como uma manada de búfalos para conseguir um lugar para sentar, principalmente se for uma estação inicial como é a Luz. Coloquei até um vídeo ao lado pra se ter noção do que estou falando. O curioso é que às vezes nem é porque existe muita gente, mas é que os ogros querem sentar, apenas isto. O trem, muitas vezes, fica vazio, mas esse povo quer desesperadamente sentar e não medem esforços para isto.

Neste dia não foi diferente. Eu sempre dou um pequeno espaço para os desesperados entrarem e logo depois eu vou. Quando eles entraram se empurrando, um cara alto se revoltou e uns três se estapearam, um dando soco no outro. Dois caras se sentaram correndo e o alto ficou de pé xingando. Este cara alto tinha uma prótese na mão e usava bengala, mas os outros dois nem deram bola. Como eu havia dito, tinha um assento para deficientes vazio, dez metros de distancia de onde os outros dois estavam, no qual o cara alto de bengala se sentou. Mas eles não pararam de trocar insultos, enquanto nós passageiros acompanhavam a discussão de pé.

Em um momento um dos dois caras grita: “Você é muito trouxa, não ta vendo que tem lugar pra você ai.”. O cara de bengala se levantou com raiva e disse “Ah, eu sou trouxa é? Sou trouxa? Deixa eu te mostrar o trouxa.”. Neste momento puxou sua mochila e começou a tentar abrir o zíper. Houve certo momento de pânico entre as outras pessoas. |Umas duas meninas correram e ficaram atrás de mim, me usando como escudo. Eu estava entre os dois, mas não exatamente na linha do tiro e sim um pouco pro lado. Mesmo assim era perigoso. Vai que o cara, com a prótese, mirasse mal? Iria acertar qualquer um.

Enquanto o cara alto de bengala ainda tentava abrir a mochila, uma das mulheres começou a implorar para que ele se acalmasse e parasse o que estava fazendo. Ninguém mencionou a palavra “arma”. Mas todos nós sabíamos o que estava acontecendo. Gelei. Aos poucos ele desistiu e se sentou. O outro que estava xingando estava branco. Esse cara alto já era meio mal encarado, mas não pensava que estivesse nesta vibração. Ele continuou com a cara raivosa toda a viagem e não falou mais nada. O primeiro, que tinha ofendido o de bengala, ao contrário, ficava resmungando em voz alta com seu colega que o outro era um idiota que não precisava ter feito aquilo e tal. Eu só queria enfiar uma porrada neste imbecil. Ele não percebeu que o outro tinha uma arma? Cala esta boca, fica quieto. Ele era tão imbecil a ponto de querer se mostrar o machão para os outros e correr o risco de irritar o outro de novo. Acho que o cara de bengala fingiu que não ouvia esses resmungos, pois não fez mais nada a respeito, graças a Deus.

Com os problemas do dia a dia, a irritação a flor da pele, se as pessoas estivessem armadas haveria mais morte na sociedade. Qualquer briga seria resolvida à bala. É por isso que sou contra a venda e o porte de armas de fogo. Sei que bandido consegue uma arma clandestina quando ele quiser no mercado negro, mas quanto mais restrição houver, melhor para a sociedade como um todo.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Bem-vindo a casa e bonecas

A transição da infância para a adolescência é uma época difícil, apesar de fácil. Na infância não se tem preocupações em relação ao trabalho, sua única tarefa é estudar e brincar. Mas ao começar a ficar mais velho, começam-se os problemas, principalmente sentimentais. Nos vemos como adultos, mas ainda somos crianças. Temos consciência de muita coisa que adulto acha que não compreendemos. É uma mudança de vida e qualquer mudança é traumática, mesmo que depois seja boa e proveitosa.

No filme Bem-vindo a casa e bonecas a protagonista, Dawn, vive este momento com requintes de crueldade. Muitas coisas a gente acaba se identificando com a personagem mesmo não passando pelas mesmas coisas que ela vivenciou, mas no comportamento que apresenta. Quem nunca teve uma paixão escondida? Quem nunca teve problemas de relacionamento na escola? É claro que o filme coloca mais carga emocional em todos esses pontos e transforma a vida da Dawn em um terrível inferno. E o pior é que muitas crianças passam por isto todos os dias.

A Dawn é o protótipo do bulling. Se alguém ainda não sabe o que é bulling e os efeitos dele, é só dar uma assistida neste filme. A personagem sobre com gozações dos outros alunos e sofre sozinha e a escola se transforma num local de tortura medieval. Quando ela indiretamente busca socorro aos adultos, simplesmente é ignorada ou recebe outra forma de violência como castigos ou humilhações públicas. A sociedade é bruta e não liga pra você e no filme a menina recebe este comportamento e sentimento na cara. Temos que aprender a sofrer as frustrações diárias e se recompor no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. É como o Stallone disse no Rocky Balboa numa parte bem marcante: a vida vai bater em você duro, mas não se trata de apanhar, se trata de o quanto você aguenta e seguir em frente tentando.

A gente vai cada vez mais entendendo suas ações da menina. O que acontece com as pessoas em geral é que elas refletem o que sentem e as amarguras da vida. Se ela recebe ódio, destila mais ódio. Se recebe amor, é uma pessoa mais amorosa. No filme, Dawn é xingada de lésbica na escola e o que ela faz quando chega em casa? Xinga a irmãzinha com a mesma coisa. Xingam o melhor amigo dela de bicha. O que ela faz? Repete o mesmo comportamento como condicionamento da vida. É como um espelho, refletindo apenas aquilo que recebe, sem absorver e tratar os sentimentos. Se recebe dor, reflete amargura. É por isso que nós devemos incentivar e praticar sempre bons sentimentos com as pessoas a nossa volta para que recebamos no futuro o reflexo que do emitimos. É como aquele ditado: “faça com os outros o que gostaria que fizessem por você”. Se você quer amor, deve fazer isso com as pessoas em geral, plantar a semente pra colher no futuro.

Com o decorrer do filme a Dawn vira um agente do caos, resultado de várias frustrações e humilhações recebidas por todos a sua volta. Mas apesar do tema o filme é bem tranqüilo e nada pesado. É uma tragicomédia com uns momentos impagáveis. Adoro personagens irritados como George Costanza do Seinfeld. Ela é um pouco assim neste filme.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Assalto a mão armada

Sonhei sofrendo um assalto a mão armada. Mais uma vez um sonho com assalto, que já virou recorrente. Ainda não sei identificar o porquê isto acontece, o que passa na minha vida para eu ter estes devaneios, mas é uma coisa que já virou rotina.

Desta vez eu estava com amigos num clube tomando cerveja é claro. É um sonho que derivava de outro que não me lembro muito bem, parece que eu estava voltando de um casamento ou era a festa do casamento. Enfim. O sonho anterior já tinha acabado e estávamos todos naquele sol de rachar do lado da piscina bebendo uma lata atrás da outra e se divertindo. Eu fui à piscina e na volta olho para o segundo andar, onde a maioria dos meus colegas estava, e pedi para jogar uma lata. O João, um dos meus amigos, gritava dizendo que tinha acabado e mostrava o isopor vazio, onde antes havia muita cerveja com gelo.

Olhei para o Marcelo, ao meu lado, e comentei que tinha acabado. Ele ainda tinha um pouco de cerveja e rachava com outro colega ao lado e tomaram o restante do copo. Em seguida ele pega o RG do bolso de trás que estava com um maço de dinheiro enrolado dentro e me estende dizendo: “pega o dinheiro e compra cerveja pra gente”. Eu fui puxando o dinheiro e não acabava mais, era aquele dinheiro de pinga, todo amassado. Ao pegar tudo em uma mão, segui em direção ao bar que ficava do outro lado do clube.

No meu sonho o clube era similar ao lado externo da estação São Paulo do metrô, um gramado grande e plano, com uma subida com escadas lá no fundo e até chegar lá havia várias entradas aos lados. Na caminhada até o outro lado eu tentava arrumar o maço na minha mão separando o dinheiro, vendo quanto tinha e colocando ao menos na ordem. Para minha surpresa tinha muita nota de um, já extinta. Sei que a gente não deve ficar contando dinheiro assim do nada, mostrando aos transeuntes o quanto temos em mãos, mas eu achei que dentro de um clube não teria problemas. Notei certa movimentação atrás de mim, dois caras andando próximos e estranhei, mas ali não tinha para onde fugir e também não estava tão preocupado assim, tinha muita gente ao redor e ninguém faria nada.

De repente um deles encosta com força o revolver nas minhas costas e os dois me arrastam para dentro de uma sala que ficava à direita, meio isolada. Ao me jogar no chão um deles já puxa minha carteira do bolso de trás, tira o dinheiro e joga a carteira no chão. Eles ficam gritando comigo, mas não entendo nada, só fiquei desesperado por causa da arma. Eu dei uma olhadinha de lado o assaltante apontou para a minha cabeça e fez mais ameaças. Nesta hora lembrei que ainda estava com as notas amassadas em minhas mãos e simplesmente soltei-as no chão. Eles pegaram as notas e fugiram.

Nessa hora só pensei em duas coisas. Do dinheiro do meu amigo e se eles tinham deixado meus documentos. De repente olho para os lados e vejo muita gente que participou do assalto, que provavelmente estavam dentro da sala, viram a movimentação e se esconderam com medo. Perguntei se os bandidos haviam pegado algo delas e aparentemente o único lesado naquela situação fui eu. Uma gorda toda hora insistia que eles me conheciam: “Cuidado, eles te conhecem agora”. Não sabia o que isto significava. Resolvi olhar minha carteira e procurei meus documentos e quando constatava que eles haviam levado também e que eu teria que fazer um boletim de ocorrência, acordei.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Cicatrizes

Quando chegou as minhas mãos este quadrinho, pensei que ele tivesse qualidade inferior. As imagens eram legais e bem desenhadas, nada quanto a isto. O que aconteceu é que percebi que a história tinha poucos diálogos e muitos momentos com imagens contemplativas onde mostrava mais o estado de espírito da pessoa e do que ela estava sentindo através de imagens do que um texto explicativo. Só depois percebi que havia um motivo neste estilo.

Gosto de histórias como esta em que o próprio autor é o personagem principal e onde ele conta a história de sua vida. Comecei nesta seara quando li Gen Pés Descalços, quadrinho maravilhoso de Keiji Nakazawa sobre sua experiência em Hiroshima ou Maus, de Art Spiegelman. Neste quadrinho, a história não é tão pretensiosa, mas não menos dramática. Conta a infância de David Small, que passou por muitos problemas de saúde e de convívio com sua família quando criança. Além de ser sempre pressionado e reprimido em suas ações e seus pensamentos pelos pais, teve um câncer na garganta provavelmente provocado pelo seu próprio pai em alguns experimentos médicos.

Com a extração do câncer, ele ficou uma boa parte de sua vida tentando recuperar a fala. Foi ai que entendi o estilo do quadrinho com mais imagens e menos diálogos, mesmo que os outros interlocutores pudessem falar. Aquela era a visão dele mesmo em relação às outras pessoas ao seu redor. Em muitos momentos entendemos perfeitamente a emoção gerada em alguns eventos relatados na história apenas pelo olhar de um personagem que segue em vários quadros. Ele passou muito tempo desenhando, pode ter certeza.

É uma história rápida de se ler. Mas demorada de se digerir e absorver. Li em apenas dois dias, mas estou pensando nela por semanas. As pessoas não entram em nossas vidas por acaso. Existem coisas que acontecem conosco quer queiramos quer não, coisas ruins e boas. No caso da história do quadrinho, o autor sofreu muito e comeu o pão que o diabo amassou, deixando cicatrizes não apenas no pescoço, mas em sua alma. Ele suportou aquela situação, mesmo vindo de pessoas que ele amava e conseguiu dar a volta por cima ao se tornar um quadrinista e escritor. Uma boa leitura para se refletir, ver como nossas experiências nos afeta e o que podemos fazer para continuar evoluindo, não deixar que a coisa ruim nos afete e que barre nossos sonhos.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ondas celulares

Voltando pra casa em um dia desses, meu fone de ouvido deu pau e fiquei sem a música que me acompanha em todas as viagens. A música serve de acústica para que eu tenha o mínimo de concentração na leitura diária em meio aos passageiros tagarelas que me cercam. Um mínimo de conversa já me distrai, principalmente se o texto é um pouco mais complexo do que o normal. Tentei a princípio continuar apesar do falatório. Quando existem duas ou mais conversas paralelas eu até consigo ignorá-las, pois elas formam um barulho só, uniforme, em que não se distingue nada. Mas no caso deste dia em particular havia apenas uma conversa, bem ao meu lado, na verdade um monólogo por telefone da moça que estava falando com seu namorado, falando não, brigando.

É impressionante com a nossa atenção é voltada para coisas tão supérfluas e que não nos dizem respeito. Meu interesse aumentou tanto que desisti por completo da leitura e até guardei em minha mochila com o intuito de não me atrapalhar no acompanhamento dos acontecimentos futuros entre o casal. Não assisto, mas até entendo o fascínio que Big Brother e novela despertam na população. Saber da vida alheia é instigante. Mas a mulher falava alto pra todo mundo ouvir, então não é nossa culpa de ter ouvido tudo. Invasão de privacidade seria se nos aproximássemos para ouvi-la falando baixinho. Mas no caso ela não estava nem ai pra que estivesse ouvindo, então nós estávamos autorizados a desfrutar daquele momento intimo alheio.

Embarquei na história dos dois, embora só ouvisse a versão feminina. Logo nosso entendimento da conversa deve ser visto através de um filtro de incredulidade, já que normalmente a mulher adora distorcer os fatos. Então não podemos julgar algo só com esta versão. Ao que pude entender, o camarada havia pisado na bola com ela na noite anterior onde os dois haviam marcado um encontro no bairro do Paraíso e ele chegou bem mais tarde deixando-a plantada esperando. De acordo com a mesma fonte, ele decidiu resolver todos seus problemas pessoais antes de encontrá-la e por isso se atrasou. Então ele colocou seus interesses pessoais ANTES dela, colocando a no final de uma escala de importância em sua vida.

A partir daí a discussão começou a avançar em relação ao histórico. Nesta hora a mulher é mestre absoluta, resgatando acontecimentos do arco da velha para usar como argumento e provar por A mais B que ele não presta. E às vezes eu achava que eles tinham terminado a ligação porque ficava um silêncio durante um bom tempo. Ela, no caso, era bem paciente e ouvia tudo o que o outro dizia e o cara provavelmente era bem prolixo, deveria ser o Fidel Castro dos relacionamentos, enchendo de argumentos, desculpas e acusações. Ai começa aquelas coisas dizendo que um fez tal coisa e o outro não reconhece. Um faz tudo e o outro não faz nada. Começou a ficar chato bem na hora de eu descer. Sinceramente estou pensando em tratar mal as pessoas. Mulher só gosta de homem cretino.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Toda escolha é uma perda

O mundo prega um otimismo exagerado e às vezes é bom por incentivar as pessoas a tomar atitudes e ser mais corajoso e proativo. Diz a filosofia comum que devemos nos impor, ir atrás daquilo que queremos e colocar a mão na massa. A vida nos impõe várias escolhas e na maioria das vezes não sabemos qual é a certa. Somos obrigados a seguir nosso feeling, quando não temos experiência ou histórico que ajude a tomar o caminho correto. Acontece que mesmo optando errado algumas coisas acabam dando certo lá na frente. Nesses momentos vem um religioso e diz: “Deus escreve certo por linhas tortas”. Se isto lhe traz conforto, creia nisto. Mas acredito que não existem caminhos certos ou errados, apenas modos de viver a vida diferente. A opção tomada naquele momento pode não ser igual a que escolhêssemos com uma cabeça diferente.

Ao sermos corajosos e optarmos pelo caminho A, automaticamente estamos descartando os caminhos B, C, D, E, etc. Há mais perda que ganho nesta equação. Claro, somos apenas uma pessoa e não é possível se fazer tudo ao mesmo tempo, não dá pra assoviar e chupar cana. Obrigatoriamente teremos que escolher aquilo que mais nos define, que nos trás prazer e paz de espírito e que lá no íntimo pareça o mais certo. Quando este caminho se mostra errado depois de um tempo decorrido, olhamos para trás para aquele momento da escolha e nos sentimos uns retardados mentais de ter escolhido aquilo. É tão óbvio hoje que era pra ter seguido aquela outra opção, mas na época não sabíamos. A vontade que desperta é de voltar no tempo e seguir aquela outra opção bem mais interessante. Entretanto acredito que tanto a opção B, quanto a C ou D além dos benefícios esperados terão problemas que não temos hoje. Cada escolha, por melhor ou pior que seja, gerará ganhos e perdas equivalentes tanto como qualquer outra.

Olhe para trás e ou invés de ver as coisas que escolhemos, veja a vida para a qual você disse NÃO. Foram apresentadas oportunidades que, dentre outras, dissemos que não serviam pra gente e simplesmente descartamos. É muito doloroso. Nossa cabeça diz que poderíamos ter tido vidas melhores caso aproveitássemos melhor o que a vida nos trouxe de bandeja. Mesmo sabendo que nada é certo, tudo é variável no tempo e na vida, dá uma agonia de ter feito escolhas erradas durante a vida. Olho para trás e não gosto do que construí. Eu gostaria de ter a cabeça de hoje no corpo daquele menino de 12 anos com muitos planos na cabeça e sem saber o que era a vida. Se nem hoje eu sei, imagina na época. Gostaria de ter lido On the Road, do Jack Kerouac, quando adolescente. Talvez eu tivesse uma vida mais aventureira. Sinto-me como o Jim Carrey no filme Sim Senhor! .

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Entrevista com as feministas

Resolvi escrever algumas linhas sobre este assunto depois de assistir ao vídeo sobre a entrevista com feministas no Espírito Santo. Aconselho a visualização dele, logo abaixo do texto. De certa forma as mulheres se saíram mal na entrevista. Pode-se dizer que o entrevistador escolheu mulheres sem preparo e sem conteúdo pra responder à altura, mas são universitárias. E alguém pode dizer que o objetivo era apenas ridicularizar o movimento, mas discordo. Apesar de levar a entrevista com um pouco de humor, em nenhum momento ele ridicularizou a entrevistada em minha opinião. Achei alguns pontos bastante interessantes para aprofundar em relação ao pensamento dessas ativistas que lutam em prol da igualdade dos gêneros e o fortalecimento da mulher.

Violência machista - Todas as entrevistadas disseram com veemência que sofrem violência machista diária. Ao serem questionada a citar exemplos dessa violência, não souberam explicar com detalhes o que sofriam. Tudo bem que existe o machismo em muitas situações, mas não é este abacaxi todo que dizem. Ao vê-las falar, parece que elas moram no Afeganistão sob o regime Talibã. Tem gente que gosta de bancar a vítima, não é por ai que as mulheres devem levar a discussão.

Prostituição - A mulher não quer ser tutelada pelo homem, ser explorada como antigamente. Beleza. Mas ao citar a luta da ONU em legalizar a profissão da prostituição as entrevistadas quase surtaram de ódio. Para elas a prostituição é o exemplo claro de opressão do homem sobre a mulher. Discordo. Geralmente quem se prostitui, o faz por livre e espontânea vontade, salvo algumas exceções. O homem compra este direito e a mulher vende, como uma negociação normal. Ou seja, existe consenso. A mulher quer ser livre para escolher o que quer fazer? Então ela deveria ser livre pra praticar a prostituição também. O corpo é dela e ela faz o que bem entender. Do mesmo jeito que muita mulher gosta de cobrir o rosto por causa da religião mulçumana. Para nós católicos do ocidente pode parecer uma agressão contra a mulher, mas é a religião deles e muita mulher realmente segue e gosta. Agora quem somos nós para dizer o que é certo e o que é errado? Se ela não quer seguir a religião e o homem forçar, ai sim é opressão. Mas se ela faz porque quer, não. Do mesmo jeito a prostituição. Do mesmo jeito o aborto. Tudo bem que neste assunto tem outras coisas a analisar como o direito a vida do bebe, que dá mais pano pra manga. Mas vamos relevar este lado por enquanto. Elas têm o direito de fazer o que quiser com seu corpo. Não é a luta pela liberdade da mulher?

Romantismo - O Romantismo acabou então? Uma das bases do romantismo moderno é o homem ser responsável pelo cuidado da frágil mulher. Seja pagar a conta no restaurante, como abrir a porta do carro para ela sair, casar com ela e colocar um anel de noivado para dizer à sociedade que ela a pertence. O homem está cuidando dela. Na sociedade de antigamente, machista, somente o homem podia trabalhar e a mulher cuidar da casa. Claro que o homem era obrigado a cuidar de todas as necessidades dela. Se hoje a mulher quer lutar contra isto, na prática está abdicando do romantismo clássico, pelo menos pras feministas mais hardcore.

Igualdade? - Será que as feministas querem mesmo a igualdade entre os gêneros? Pelo que eu vi o feminismo é realmente o oposto do machismo. Ao ser confrontada com uma pergunta onde a mulher ganha mais que o homem e que o manda lavar louça, nenhuma criticou a situação. Se a pergunta fosse oposta, elas bradariam enfurecidamente contra o homem que as oprimem. Quando é a mulher que está por cima tudo bem? Não entendi. Geralmente as mulheres feministas querem os mesmos benefícios que os homens, muito justo, mas não querem os mesmos malefícios. Se elas querem ser iguais, tem que ser em todos os sentidos.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Proteste Já + Porta da Esperança

Sonhei uma coisa interessante que pode ser até uma dica para a rede Globo ou qualquer outra emissora que queira fazer algo diferente e útil pra sociedade.

No meu sonho, na Praça do Patriarca, centro de São Paulo, entre a Rua Xavier de Toledo e a descida para o Vale do Anhangabaú não existia a escadaria que tem hoje em dia. No sonho era apenas um caminho de terra em que a gente descia meio tropeçando. O engraçado é que lá em cima tinha uma porta verde escura de madeira bem antiga estilo colonial portuguesa com um trinco enferrujado e de difícil manuseio que não dava para lugar nenhum. Ela apenas separava da rua de cima para o caminho de terra abaixo. Era aparentemente um lugar que muitas pessoas passavam para ir aos seus respectivos serviços. Em algum momento eu enviei uma mensagem para a Rede Globo cobrando providências.

Já existem programas parecidos com o que eu idealizei. Uma coisa que gosto da Globo é que às vezes eles vão a algum lugar para ver se o poder público está presente, como uma cresce com teto caindo, um córrego que não está sendo tratado, alguma coisa dessas. Eles contactam a prefeitura e informam do problema. Claro que eles prometem uma resolução. Um ano depois eles voltam para o mesmo local pra ver se aquela promessa foi cumprida. No CQC da TV Bandeirantes eles fizeram o quadro Proteste Já que tem praticamente a mesma idéia só que com pitadas de humor. Minha idéia é que eles fizessem algo parecido, uma espécie de mistura entre o Proteste Já e a Porta da Esperança. O público mandaria mensagens para a emissora em questão e pediria algo que precisasse de resolução na cidade. Um deles seria agraciado em resultaria num programa na televisão.

No meu sonho o SPTV me chamou para mostrar que meu desejo tinha sido realizado. Chegamos à Praça do Patriarca e a tal porta verde estava lá como sempre. Olhei para o repórter, que era o Carlos Tramontina, e fiquei com aquela cara de dúvida como se dissesse “ué, cadê o serviço feito”. Ele sorriu e me disse que na porta eles não poderiam mexer, pois era tombado, era uma relíquia da época da colonização portuguesa e que não sairia dali, só aproveitaram pra dar mais uma pintada de verde escuro e deixar mais bonita. Eles ficavam filmando e observando minhas reações pra ver se eu tinha gostado. Ele me pediu para abrir a porta e a maçaneta não era normal como qualquer uma, ela se movia pra frente e era um pouco dura.

Quando abri, fiquei um pouco decepcionado. Como a emissora estava fazendo aquele programa e a expectativa estava em alta, eu estava esperando uma escada rolante. Mas era apenas uma escada normal. E pior, da porta para o começo da escada, existia um degrau muito grande de quase um metro de altura que tínhamos que saltar para descer. Uma pessoa idosa nunca passaria por ali. Então percebi um negócio verde de metal logo abaixo. O Tramontina me deu um controle remoto e pediu para eu apertar. Quando o fiz, aquela placa de metal subiu e se transformou numa rampa para deficientes ligando à rua de cima e o início da escada. Tentei descer pela rampa, mas quase cai já que ela era bem escorregadia e íngreme. O repórter disse que eu não apertasse o botão até o final e sim até o meio. Quando obedeci à instrução a rampa se tornou num degrau, permitindo minha descida.

Só depois que acordei percebi da idiotice de se fazer uma rampa para deficientes em cima de uma escada. Não iria adiantar nada. O que o deficiente iria fazer depois da rampa?! Outro problema era este controle remoto para controlar o primeiro degrau/rampa. Este problema eu pensei já durante o sonho. E se uma pessoa estivesse subindo, como faria para acionar o degrau? E se levassem o controle remoto embora? Eu enchi de defeitos o projeto e fiquei um pouco com dó do Tramontina, porque os repórteres estavam todos esperando que eu pulasse de alegria por ter realizado o “sonho”. Ao contrário, só criticava.

Depois que acordei achei até que era uma boa idéia esta de toda semana fazer uma obra pública realizando o desejo de alguém. E no meu sonho eles até diziam à empresa que estava patrocinando o programa que tinha feito a obra. A emissora só entrava com a publicidade, a empresa que desembolsaria o dinheiro para a realização do conserto. Fica a dica.