domingo, 16 de fevereiro de 2014

Bem-vindo a casa e bonecas

A transição da infância para a adolescência é uma época difícil, apesar de fácil. Na infância não se tem preocupações em relação ao trabalho, sua única tarefa é estudar e brincar. Mas ao começar a ficar mais velho, começam-se os problemas, principalmente sentimentais. Nos vemos como adultos, mas ainda somos crianças. Temos consciência de muita coisa que adulto acha que não compreendemos. É uma mudança de vida e qualquer mudança é traumática, mesmo que depois seja boa e proveitosa.

No filme Bem-vindo a casa e bonecas a protagonista, Dawn, vive este momento com requintes de crueldade. Muitas coisas a gente acaba se identificando com a personagem mesmo não passando pelas mesmas coisas que ela vivenciou, mas no comportamento que apresenta. Quem nunca teve uma paixão escondida? Quem nunca teve problemas de relacionamento na escola? É claro que o filme coloca mais carga emocional em todos esses pontos e transforma a vida da Dawn em um terrível inferno. E o pior é que muitas crianças passam por isto todos os dias.

A Dawn é o protótipo do bulling. Se alguém ainda não sabe o que é bulling e os efeitos dele, é só dar uma assistida neste filme. A personagem sobre com gozações dos outros alunos e sofre sozinha e a escola se transforma num local de tortura medieval. Quando ela indiretamente busca socorro aos adultos, simplesmente é ignorada ou recebe outra forma de violência como castigos ou humilhações públicas. A sociedade é bruta e não liga pra você e no filme a menina recebe este comportamento e sentimento na cara. Temos que aprender a sofrer as frustrações diárias e se recompor no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. É como o Stallone disse no Rocky Balboa numa parte bem marcante: a vida vai bater em você duro, mas não se trata de apanhar, se trata de o quanto você aguenta e seguir em frente tentando.

A gente vai cada vez mais entendendo suas ações da menina. O que acontece com as pessoas em geral é que elas refletem o que sentem e as amarguras da vida. Se ela recebe ódio, destila mais ódio. Se recebe amor, é uma pessoa mais amorosa. No filme, Dawn é xingada de lésbica na escola e o que ela faz quando chega em casa? Xinga a irmãzinha com a mesma coisa. Xingam o melhor amigo dela de bicha. O que ela faz? Repete o mesmo comportamento como condicionamento da vida. É como um espelho, refletindo apenas aquilo que recebe, sem absorver e tratar os sentimentos. Se recebe dor, reflete amargura. É por isso que nós devemos incentivar e praticar sempre bons sentimentos com as pessoas a nossa volta para que recebamos no futuro o reflexo que do emitimos. É como aquele ditado: “faça com os outros o que gostaria que fizessem por você”. Se você quer amor, deve fazer isso com as pessoas em geral, plantar a semente pra colher no futuro.

Com o decorrer do filme a Dawn vira um agente do caos, resultado de várias frustrações e humilhações recebidas por todos a sua volta. Mas apesar do tema o filme é bem tranqüilo e nada pesado. É uma tragicomédia com uns momentos impagáveis. Adoro personagens irritados como George Costanza do Seinfeld. Ela é um pouco assim neste filme.

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